Durante os vinte e sete meses de permanência no Songo, tive o "privilégio" de assistir a duas pragas de nuvens de gafanhotos, sendo assolado por sensações muito díspares! A primeira de espanto, pela enormidade dos viajantes que esvoaçavam em direcções diversas, a maioria chocando contra os postes de iluminação e caindo no chão, onde os esperavam os nativos, guarnecidos de latas de conserva, óbviamente vazias, mas que gradualmente se iam enchendo com os gafanhotos de côr esverdeada.
A segunda sensação foi de repulsa, por aquilo que presenciei! Fiquei posteriormente a saber, que os gafanhotos eram para eles um manjar dos Deuses!!!
sábado, 6 de fevereiro de 2010
GAFANHOTOS
sábado, 16 de janeiro de 2010
EX-COMBATENTES
Foram milhares, os que sofreram na pele as incidências da guerra... o deflagrar de uma mina ou o impacto traiçoeiro de uma bala.Um deles foi Manuel Patuleia Mendes. O seu nome foi transportado para além da guerra, como grande activista na luta pelos direitos e pelo preservar das memórias dos ex-combatentes. Fica aqui retratada,nesta pequena reportagem emitida pela RTP1, a "voz" que se tem levantado em defesa de todos "nós"!
domingo, 10 de janeiro de 2010
O " CORREIO" EM OLIVEIRA DE FRADES
Por feliz coincidência, e sem termos acertado as coordenadas do azimute, encontrei em Oliveira de Frades, minha terra natal, o "correio", atributo que foi acrescentado á pessoa do Aurélio Morais de Sousa, visto ser ele que nos trazia, de Carmona, as notícias do "puto".
Como seria normal, desejámos um bom ano para todos, fazendo votos para que o almoço da ONZIMA se realize este ano, não deixando as recordações da nossa guerra, esvaírem-se no tempo.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
QUIVUENGA "CITY"
Local situado no sopé da Serra da Mucaba, estava a uma distância do Songo de +/- 45 kms,distância essa que era percorrida através de uma picada.
Era considerado um local para "armazenar" ,durante algum tempo, um destacamento da companhia, que era revezado na rendição do pessoal, conforme a "vontade" do nosso Capitão, o já falecido Pinto Morais. Pelas suas parcas condições de habitalidade,
quando éramos obrigados a render os camaradas que lá se encontravam,sabíamos que íamos sofrer as "passas do Algarve". No entanto a missão esperava por nós, e como tal, avançávamos "sem medos".
...Também por lá passei algum do meu tempo de guerra.
Era considerado um local para "armazenar" ,durante algum tempo, um destacamento da companhia, que era revezado na rendição do pessoal, conforme a "vontade" do nosso Capitão, o já falecido Pinto Morais. Pelas suas parcas condições de habitalidade,
quando éramos obrigados a render os camaradas que lá se encontravam,sabíamos que íamos sofrer as "passas do Algarve". No entanto a missão esperava por nós, e como tal, avançávamos "sem medos".
...Também por lá passei algum do meu tempo de guerra.
sábado, 28 de novembro de 2009
CACIMBO/CACIMBADOS
Cacimbo é o nome dado em Angola à estação "seca" (sem chuvas) que decorre de Maio a Agosto. É chamada de estação seca por oposição à estação das chuvas, de Setembro a Abril, mas de facto é bastante húmida. Nesse período ocorre com frequência uma névoa intensa, que dá o nome à estação.
O termo 'cacimbado' era, para os militares, a forma simpática de dizer que o indivíduo estava mesmo 'marado da tola' ou de forma mais clara e entendível, que estava a ficar doido pela pressão do dia a dia, alguns desses camaradas, estiveram integrados na Onzima.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
A "AMIGA" G3
Companheira fiel dos bons e dos maus momentos, acompanhou-nos a par e passo nas agruras dos tempos de guerra.
A configuração da mesma, assemelhava-se, imaginariamente ao corpo de uma mulher. Por vezes, acariciávamos-a com laivos de ternura, outras sentiamos a sua robustez, onde saciávamos a nossa energia, no agarrar enérgico da mesma, procurando que ela não escapasse das nossas mãos.
A todos aqueles que a queiram recordar, aqui fica um link interessante a visitar.
sábado, 7 de novembro de 2009
MENINOS DE HUAMBO
Canção intrepretada por Ruy Mingas que perdurará no tempo, lembrando a
Gerados na guerra, ao nascerem procuraram a liberdade e o sonho de um país livre.
O sonho tornou-se um pesadelo, no entanto, em alguns momentos, entreabriram os
olhos procurando no céu "estrelas de magia", para saberem "como se ganha uma bandeira".
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
PRECIOSIDADE
Ao navegar pela net, descobri esta pequena preciosidade, uma filmagem efectuada por alguém, que teve a primazia de nos trazer imagens de uma praça(feira), realizada algures no Songo.
Quero realçar o policromático existente, e as nuances que se podem extrair, da variedade de produtos expostos sob o vermelho intenso da terra, tendo como contraste o verde da vegetação.
domingo, 25 de outubro de 2009
A GUERRA NA SUCESSÃO
Ao fim de um ano e mais alguns meses, tive a grata surpresa de vêr surgir na blogosfera, nada mais nada menos, que o blog da Cart. 6553, que teve o "privilégio" de nos suceder na permanência na vila do Songo.
O contacto entre o pessoal de ambas as companhias, foi escasso, uns com a pressa de partir e os outros com desejo de fugir. Os contrastes eram abismais, a alegria e a tristeza numa imensa comunhão de sentimentos.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
O FADO DA TRINCHEIRA
"Rastejamos como sapos, com a farda em farrapos, pela terra de ninguém", frase emblemática do fado de Fernando Farinha, mais conhecido pelo "Míudo da Bica", e que faleceu, no já distante ano de 1988.
Também ele retratou cenários e fragmentos de uma guerra vivida e sofrida, por milhares de combatentes.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
"A COSTA DOS MURMÚRIOS"
Ao lembrar-me desta frase, que serviu de título a um livro de Lídia Jorje, tenho como finalidade, retratar os lamentos de milhares de camaradas que passaram indelével pelo teatro da guerra.
Ao navegarmos na internet, o manancial de leitura sobre o tema é inesgotável, e ficam-me latentes alguns desabafos, que quero aqui deixar como murmúrios que se perpetuaram no tempo:
"É triste e lamentável saber que todo o sacrifício, empenho, heroicidade, dos bravos soldados portugueses foi em vão"(Rui Francisco-11/05/09).
"Para quê tanto sacrifício? Para ninguém olhar e dar apoio aos combatentes que hoje sofrem os traumas da guerra"(José Alves-03/04/09).
"Após o 25 de Abril de 74, os bravos militares do ultramar, mortos e vivos foram dados ao desprezo e ao abandono, pelos vários Governos deste País"(Joaquim Dias.05/06/09).
terça-feira, 22 de setembro de 2009
A BLOGOSFERA NA GUERRA
Os blogs são "veículos" que transportam ideias e pensamentos dos seus autores. Neles se revê e reflecte um estado de alma, aliado ao binómio saudade/recordar.
O cunho do termo blogosfera, foi criado em 10 de Setembro de 1999, por Brad L.Graham, e desde esse momento e até aos dias de hoje abriram-se novas janelas para o mundo.
O termo em si, tem similaridade com a palavra"logosfera"," logo" significa muitas coisas, principalmente"palavra" e "esfera" é interpretado como "mundo", resultando no seu conjunto"o mundo das palavras", ou o universo do discurso.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
A POESIA NA GUERRA
Os poemas que dissertam sobre a guerra, integram uma parte daqueles que transformaram os gritos de revolta, as lágrimas não contidas, o desespero de não alcançar o zénite, em suma o lamento de muitas vidas transformadas em palavras sentidas. Alguns porque conviveram com ela e outros porque "beberam" de todo um manancial existente.
Desses quero destacar Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner.Dos que estiveram lá e que servem de paradigma, aqui deixo um pequeno fragmento poético extraído do livro "Memórias de um Combatente" da autoria de Joaquim da Silva Sousa.
Que sofrimento meu Deus ser pai de dois rebentos
Que eu amo tanto e vou ter que deixar,
Ao mando de um governo que me vai fazer lutar,
Cegos pelo poder, e de conservadores sedentos,
De um Portugal que está para além do mar.
Mas que mal eu fiz? Quem me fez mal?
E contra quem eu vou lutar?
Mas quem é que me fez mal para eu ter de matar?
Que me estás tu a fazer oh meu Portugal,
Que me ordena a morte em vez de amar.
Revisitar os espaços da guerra é uma forma de drenagem de um drama interior, e como tal tem toda uma dimensão terapêutica(Margarida Calafate)...
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