terça-feira, 8 de dezembro de 2020

𝗔 𝗩𝗢𝗭 𝗗𝗔 𝗦𝗔𝗨𝗗𝗔𝗗𝗘

A Voz da Saudade 



𝗛𝗮́ 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝟰𝟬 𝗮𝗻𝗼𝘀, 𝗲𝗺 𝗽𝗹𝗲𝗻𝗮 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗹𝗼𝗻𝗶𝗮𝗹, 𝘂𝗺𝗮 𝗺𝘂𝗹𝗵𝗲𝗿 𝗱𝗲 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗮𝗿𝗲́𝗺 𝗽𝗲𝗿𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘂 𝗱𝘂𝗿𝗮𝗻𝘁𝗲 𝘀𝗲𝘁𝗲 𝗺𝗲𝘀𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗮𝘀𝗲 𝟮𝟬 𝗺𝗶𝗹 𝗾𝘂𝗶𝗹𝗼́𝗺𝗲𝘁𝗿𝗼𝘀 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝗺𝗮𝘁𝗼 𝗲 𝗮 𝗳𝗹𝗼𝗿𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗱𝗲 𝗔𝗻𝗴𝗼𝗹𝗮. 𝗙𝗼𝗶 𝗱𝗮𝗿 𝗮 𝗼𝘂𝘃𝗶𝗿, 𝗮 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝗺𝗶𝗹 𝘀𝗼𝗹𝗱𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗱𝗼 𝘀𝗲𝘂 𝗱𝗶𝘀𝘁𝗿𝗶𝘁𝗼, 𝗺𝗲𝗻𝘀𝗮𝗴𝗲𝗻𝘀 𝗴𝗿𝗮𝘃𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗽𝗲𝗹𝗼𝘀 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝗶𝗮𝗿𝗲𝘀. 𝗢 𝘀𝗲𝘂 𝗻𝗼𝗺𝗲 𝗲𝗿𝗮 𝗠𝗮𝗿𝗶𝗮 𝗘𝘀𝘁𝗲𝗳𝗮̂𝗻𝗶𝗮 𝗔𝗻𝗮𝗰𝗼𝗿𝗲𝘁𝗮 . 𝗘𝘀𝘁𝗮 𝗲́ 𝗮 𝘀𝘂𝗮 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮. 𝗧𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗲𝗻𝘁𝗮̃𝗼 𝟰𝟳 𝗮𝗻𝗼𝘀. 𝗖𝗼𝗺 𝘂𝗺 𝗴𝗿𝗮𝘃𝗮𝗱𝗼𝗿 𝗱𝗲 𝘀𝗼𝗺, 𝗽𝗲𝗿𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘂 𝗼 𝗱𝗶𝘀𝘁𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗮 𝗽𝗲𝗱𝗶𝗿 𝗮𝗼𝘀 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝗶𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝗼𝗹𝗱𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗮 𝗰𝗼𝗺𝗯𝗮𝘁𝗲𝗿 𝗲𝗺 𝗔𝗻𝗴𝗼𝗹𝗮 (𝗺𝗮̃𝗲𝘀, 𝗲𝘀𝗽𝗼𝘀𝗮𝘀, 𝗳𝗶𝗹𝗵𝗼𝘀, 𝗻𝗮𝗺𝗼𝗿𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗲 𝗮𝘁𝗲́ 𝗺𝗮𝗱𝗿𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮) 𝗾𝘂𝗲 𝗴𝗿𝗮𝘃𝗮𝘀𝘀𝗲𝗺 𝗺𝗲𝗻𝘀𝗮𝗴𝗲𝗻𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗲𝗹𝗮 𝗽𝗿𝗼́𝗽𝗿𝗶𝗮 𝗿𝗲𝗽𝗿𝗼𝗱𝘂𝘇𝗶𝗿 𝗮̀ 𝗳𝗿𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗼𝘀 𝗺𝗶𝗹𝗶𝘁𝗮𝗿𝗲𝘀. 𝗔𝘀𝘀𝗶𝗺 𝗳𝗲𝘇, 𝗻𝘂𝗺𝗮 𝗲́𝗽𝗶𝗰𝗮 𝘃𝗶𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝗶𝗻𝘁𝗲𝗿𝗶𝗼𝗿 𝗱𝗲 𝗔𝗻𝗴𝗼𝗹𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝗱𝘂𝗿𝗼𝘂 𝘀𝗲𝗶𝘀 𝗺𝗲𝘀𝗲𝘀, 𝗽𝗼𝗿 𝗮𝘃𝗶𝗼𝗻𝗲𝘁𝗮 𝗲 𝗽𝗼𝗿 𝗲𝘀𝘁𝗿𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗲 𝗽𝗶𝗰𝗮𝗱𝗮𝘀. 𝗢 𝗱𝗼𝗰𝘂𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗲𝘃𝗼𝗰𝗮 𝗮𝘀 𝗲𝗺𝗼𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗮𝗻𝗷𝗼 𝗱𝗮 𝗴𝘂𝗮𝗿𝗱𝗮 𝗱𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝘁𝗼𝘂 𝗷𝘂𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲𝘀𝘀𝗲𝘀 𝘀𝗼𝗹𝗱𝗮𝗱𝗼𝘀, 𝗮𝗼 𝗮𝗽𝗮𝗿𝗲𝗰𝗲𝗿-𝗹𝗵𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝘂𝗿𝗽𝗿𝗲𝘀𝗮 𝗻𝗼𝘀 𝗮𝗾𝘂𝗮𝗿𝘁𝗲𝗹𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀, 𝗺𝗮𝘁𝗮𝗻𝗱𝗼-𝗹𝗵𝗲𝘀 𝗮𝘀 𝘀𝗮𝘂𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗲 𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗺𝗶𝘁𝗶𝗻𝗱𝗼-𝗹𝗵𝗲𝘀 𝘂𝗺 𝘀𝗲𝗻𝘁𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗮̂𝗻𝗶𝗺𝗼 𝗲 𝗱𝗲 𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝗮𝗻𝗰̧𝗮. 𝗥𝗲𝗴𝗿𝗲𝘀𝘀𝗮𝗱𝗮 𝗮 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝗮𝗹, 𝘁𝗲𝗻𝘁𝗼𝘂 𝗳𝗮𝘇𝗲𝗿 𝗼 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗼 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗾𝘂𝗲𝗺 𝗰𝗼𝗺𝗯𝗮𝘁𝗶𝗮 𝗻𝗮 𝗚𝘂𝗶𝗻𝗲́, 𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗮 𝗰𝗮𝗹𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝗮𝗿 𝗼 𝘀𝗲𝘂 𝗱𝗶𝘀𝘁𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗮 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗹𝗵𝗲𝗿 𝗻𝗼𝘃𝗮𝘀 𝗺𝗲𝗻𝘀𝗮𝗴𝗲𝗻𝘀, 𝗺𝗮𝘀 𝗼 𝗲𝘀𝘁𝗮𝗱𝗼 𝗱𝗮 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗻𝗮𝗾𝘂𝗲𝗹𝗮 𝗰𝗼𝗹𝗼𝗻𝗶𝗮 𝗶𝗺𝗽𝗲𝗱𝗶𝘂-𝗮 𝗱𝗲 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗶𝗿, 𝗲 𝗼𝘀 𝗵𝗼𝗺𝗲𝗻𝘀 𝗱𝗲 𝗦𝗮𝗻𝘁𝗮𝗿𝗲́𝗺 𝗮𝗶́ 𝗲𝘀𝘁𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗻𝘂𝗻𝗰𝗮 𝗼𝘂𝘃𝗶𝗿𝗮𝗺 𝗮𝘀 𝗴𝗿𝗮𝘃𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗼𝘀 𝘀𝗲𝘂𝘀 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝗶𝗮𝗿𝗲𝘀. 𝗔 𝗽𝗿𝗼𝘁𝗮𝗴𝗼𝗻𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮, 𝗾𝘂𝗲 𝗰𝗼𝗻𝘀𝗲𝗿𝘃𝗮𝘃𝗮 𝗰𝗼𝗻𝘀𝗶𝗴𝗼 𝗼 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗼 𝗴𝗿𝗮𝘃𝗮𝗱𝗼𝗿 𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮́𝘁𝗶𝗹 𝘂𝘁𝗶𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗼 𝗻𝗮 𝗲́𝗽𝗼𝗰𝗮, 𝗮𝘀𝘀𝗶𝗺 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗮𝘀 𝗺𝗲𝗻𝘀𝗮𝗴𝗲𝗻𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝗰𝗼𝗹𝗵𝗲𝘂 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗼𝘀 𝘀𝗼𝗹𝗱𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗻𝗮 𝗚𝘂𝗶𝗻𝗲́, 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗶𝗰𝗶𝗽𝗼𝘂 𝗻𝗮 𝗽𝗿𝗼𝗱𝘂𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗱𝗼𝗰𝘂𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮́𝗿𝗶𝗼, 𝗻𝗼𝗺𝗲𝗮𝗱𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗶𝗻𝗱𝗼 𝗽𝗿𝗼𝗰𝘂𝗿𝗮𝗿, 𝗮𝗼 𝗳𝗶𝗺 𝗱𝗲 𝗾𝘂𝗮𝘀𝗲 𝗾𝘂𝗮𝘁𝗿𝗼 𝗱𝗲́𝗰𝗮𝗱𝗮𝘀, 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗻𝘀 𝗱𝗲𝘀𝘀𝗲𝘀 𝗮𝗻𝘁𝗶𝗴𝗼𝘀 𝗺𝗶𝗹𝗶𝘁𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗲 𝗽𝗼𝗻𝗱𝗼-𝗼𝘀 𝗮 𝗼𝘂𝘃𝗶𝗿 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗽𝗿𝗶𝗺𝗲𝗶𝗿𝗮 𝘃𝗲𝘇 𝗼 𝘀𝗼𝗺 𝗱𝗼𝘀 𝗽𝗮𝗶𝘀 𝗷𝗮́ 𝗳𝗮𝗹𝗲𝗰𝗶𝗱𝗼𝘀 𝗼𝘂 𝗱𝗼𝘀 𝗳𝗶𝗹𝗵𝗼𝘀 𝗲𝗻𝘁𝗮̃𝗼 𝗮𝗰𝗮𝗯𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗻𝗮𝘀𝗰𝗲𝗿. 𝗠𝗮𝗿𝗶𝗮 𝗘𝘀𝘁𝗲𝗳𝗮̂𝗻𝗶𝗮 𝗔𝗻𝗮𝗰𝗼𝗿𝗲𝘁𝗮 𝗳𝗮𝗹𝗲𝗰𝗲𝘂 𝗲𝗺 𝟴 𝗱𝗲 𝗝𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟬𝟴, 𝗮𝗼𝘀 𝟴𝟵 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲, 𝗽𝗼𝘂𝗰𝗮𝘀 𝘀𝗲𝗺𝗮𝗻𝗮𝘀 𝗱𝗲𝗽𝗼𝗶𝘀 𝗱𝗮 𝗳𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗱𝗼𝗰𝘂𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮́𝗿𝗶𝗼.

𝗘𝗨 𝗙𝗨𝗜 𝗨𝗠 𝗗𝗢𝗦 𝗖𝗢𝗠𝗕𝗔𝗧𝗘𝗡𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗢𝗟𝗜𝗩𝗘𝗜𝗥𝗔 𝗱𝗲 𝗙𝗥𝗔𝗗𝗘𝗦



𝗔 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗵𝗼𝗺𝗲𝗻𝘀 𝗲́ 𝗶𝗻𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗮 𝗲𝗺 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗽𝗮́𝗴𝗶𝗻𝗮𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗼𝗿 𝗽𝗲𝘀𝗮𝗱𝗮, 𝗻𝗲𝗴𝗿𝗮, 𝘁𝗿𝗶𝘀𝘁𝗲 𝗲 𝗱𝗼𝗹𝗼𝗿𝗼𝘀𝗮. 𝗦𝗲𝗺 𝗶𝗿𝗺𝗼𝘀 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘁𝗿𝗮́𝘀, 𝗼 𝘀𝗲́𝗰𝘂𝗹𝗼 𝗫𝗫 𝗳𝗼𝗶, 𝗻𝗲𝘀𝘀𝗲 𝗰𝗮𝗺𝗽𝗼, 𝗱𝗼𝘀 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝘁𝗿𝗮́𝗴𝗶𝗰𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝗺𝗽𝗿𝗲. 𝗖𝗼𝗺𝗲𝗰̧𝗼𝘂 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝟭ª 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗠𝘂𝗻𝗱𝗶𝗮𝗹, 𝗽𝗿𝗼𝘀𝘀𝗲𝗴𝘂𝗶𝘂 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝗰𝗵𝗮𝗺𝗮𝗱𝗮 𝗚𝗿𝗶𝗽𝗲 𝗘𝘀𝗽𝗮𝗻𝗵𝗼𝗹𝗮, 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝟮ª 𝗚𝗿𝗮𝗻𝗱𝗲 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮, 𝗰𝗼𝗺 𝗼 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗹𝗶𝘁𝗼 𝗱𝗮𝘀 𝗖𝗼𝗿𝗲𝗶𝗮𝘀, 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗱𝗼 𝗩𝗶𝗲𝘁𝗻𝗮𝗺𝗲 𝗲, 𝗻𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗮 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝗮𝗹 𝗱𝗶𝘇 𝗿𝗲𝘀𝗽𝗲𝗶𝘁𝗼, 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗱𝗼 𝗨𝗹𝘁𝗿𝗮𝗺𝗮𝗿, 𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗼𝘀 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝟭𝟵𝟲𝟭 𝗲 𝟭𝟵𝟳𝟱. 𝗘́ 𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗼 𝗽𝗲𝗿𝗶́𝗼𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗵𝗼𝗷𝗲 𝗾𝘂𝗲𝗿𝗲𝗺𝗼𝘀 𝗿𝗲𝘁𝗿𝗮𝘁𝗮𝗿 𝗽𝗼𝗿𝗾𝘂𝗲 𝗼 𝗺𝘂𝗻𝗶𝗰𝗶́𝗽𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝗢𝗹𝗶𝘃𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗱𝗲 𝗙𝗿𝗮𝗱𝗲𝘀, 𝗮 𝗽𝗲𝗱𝗶𝗱𝗼 𝗱𝗲 𝘂𝗺𝗮 𝗖𝗼𝗺𝗶𝘀𝘀𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝘀𝘁𝗶𝘁𝘂𝗶́𝗱𝗮 𝗵𝗮́ 𝘂𝗻𝘀 𝗮𝗻𝗼𝘀, 𝘁𝗲𝗺 𝗲𝗺 𝗲𝘅𝗲𝗰𝘂𝗰̧𝗮̃𝗼 𝘂𝗺 𝗠𝗼𝗻𝘂𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗛𝗼𝗺𝗲𝗻𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗮𝗼𝘀 𝗠𝗶𝗹𝗶𝘁𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗻𝗱𝗮𝗿𝗮𝗺 𝗽𝗲𝗹𝗮𝘀 𝗺𝗮𝘁𝗮𝘀 𝗲 𝘁𝗲𝗿𝗿𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗔́𝗳𝗿𝗶𝗰𝗮 𝗻𝗲𝘀𝘀𝗮 𝗲́𝗽𝗼𝗰𝗮.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

𝐎 𝐢𝐦𝐢𝐧𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐧𝐚𝐮𝐟𝐫𝐚́𝐠𝐢𝐨 𝐝𝐨 𝐕𝐞𝐫𝐚 𝐂𝐫𝐮𝐳 𝐜𝐨𝐦 𝐦𝐢𝐥𝐡𝐚𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐭𝐫𝐨𝐩𝐚𝐬 𝐚 𝐛𝐨𝐫𝐝𝐨

 Lá fora ouve-se gritaria. Percebe-se que há muita agitação. A qualquer momento espera-se ordem para abandonar o navio. Receia-se ver o oceano invadir os corredores e os camarotes. Às 4 h 30 de uma noite sem sono, temeu-se pela vida. A bordo, regressaram do Ultramar três mil militares portugueses.

"Quase quatro anos de tropa, dois de Ultramar, sem incidentes. Será que vou morrer a caminho de casa?". Este era o pensamento que pairava na cabeça de muitos dos cerca de três mil militares que, na madrugada do dia 26 de maio de 1970, tentavam, a bordo do Vera Cruz, passar incólumes o Cabo das Tormentas. Foi quando, pelas 4 h 30, uma onda sísmica apanhou o paquete que os trazia de regresso a Lisboa, onde as famílias e as suas vidas os esperavam, para um recomeço, após tão longo interregno a "lutar pela pátria", em paragens africanas.


 "Percebia-se que o navio vinha a grande velocidade. Ninguém dizia nada, mas estávamos todos acordados, até que se deu aquele incrível sarrabulho. O navio não tinha levantado a proa da água, ouviram-se estrondos. Saímos dos beliches e fomos espreitar. Havia gente vestida e com a bagagem, havia soldados em calções. Estavam todos agitados, sem saber o que fazer ou esperar. Ninguém percebia bem o que se passava, embora todos tivéssemos noção que era grave. Eu estava num grupo de seis do laboratório militar e era o mais velho. Pediram-me que tomasse uma decisão. Não tive dúvidas e fui claro: 'prefiro morrer afogado, a ser espezinhado nos corredores. Quem quiser sair, pode fazê-lo já. Por mim fecho tudo e esperamos todos aqui'. Assim foi. Ninguém dormiu, mas ali ficamos, em silêncio, alertas".


Na manhã seguinte era notório que o perigo maior tinha passado, mas os mais curiosos queriam ver para crer e entender o que se tinha passado. Nos porões, a água chegou à cintura dos militares que ali se encontravam. À superfície, havia vidros partidos, estilhados do que haviam sido as vidraças da cabine de comando; muitos ferros amolgados e retorcidos, guinchos e outros apetrechos arrancados pela raiz.

Mas, sentia-se a bonança no ar. Os militares apressaram-se a pôr a secar ao sol tudo o que as águas marinhas tinham encharcado: da roupa de cama, à farda, passando pelas coloridas almofadas e tecidos chineses muito em voga no Moçambique daqueles tempos.

Aos mais perspicazes não escapou um pequeno grande pormenor: o Vera Cruz tinha mudado de rumo e navegava de volta a Lourenço Marques. Soube-se mais tarde que os danos no paquete a isso tinham obrigado.

Houve alguma desilusão, claro, mas de regresso à cidade onde tinham passado os últimos anos, houve oportunidade para gastar os "tostões" moçambicanos que restavam nos bolsos, reaver dívidas que não haviam sido cobradas, pagar umas rodadas aos companheiros de armas e festejar com um belo bitoque na Cervejaria Portugália.


O reembarque foi dois ou três dias depois, sanadas que estavam as questões de segurança, mas ninguém esperava que novo contratempo os prendesse ao Vera Cruz ainda mais do que o esperado.

Efetivamente, o paquete avistou Lisboa em noite de Marchas Populares, não tendo, por isso, autorização para atracar em Alcântara. Feliz com a chegada, mas saturados de tantos atrasos, os militares resolveram manifestar o seu desagrado lançado borda fora as enxergas em que tinham dormido nas últimas semanas. Como a maré estava a encher, na manhã seguinte o Tejo parecia uma imensa cama, coberta por milhares de colchões que durante muitos dias foram dando à costa, do cais Rocha do Conde de Óbidos, até Cascais.

Escusado será dizer que nenhum eco se fez das atribulações da viagem ou do tremendo risco pelo qual passaram cerca de três mil jovens de regresso do Ultramar. A guerra e o regime já enfrentavam oposição que chegasse no início dessa década de setenta, a ultima do Estado Novo.


domingo, 23 de agosto de 2020

ADEUS MÃE

 Hoje velhos e cansados, só temos recordações e saudade de todos aqueles que perdemos ao nosso redor clamando por um último pedido...Mãe entrego-me em teu regaço e protege-me! Este país desmembrado que desprezou toda uma juventude, que verteu o seu sangue em terras de África, não mereceu o nosso esforço!



terça-feira, 12 de maio de 2020

ANGOLA EM TRÊS ETAPAS


Uma passagem de 27 meses por terras de Angola(Songo) e na qual se realizaram alguns sonhos , mas os pesadelos foram imensos. Hoje ao vivermos esta pandemia questionamos a vida e as formas em que ela nos é apresentada.

OUTRORA

01 de Março de 2008 A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola. Dei a conh...