Da experiência brotaram cicatrizes, histórias ocultas que através da lente se revelam nesse território onde as linhas de um rosto traçam um mapa, e nesse mapa se confrontam com a palavra dita e sentida.
sábado, 28 de março de 2015
UM DIA, FOI ASSIM....
Um documentário cumplice e intimista. 25 de Abril de 1974, o jovem militar Orlando Mesquita corria pelas ruas, juntando-se a tantos outros na grande celebração da liberdade. Escassas semanas após o acontecimento, é enviado para uma guerra que afinal não terminara num passe de magia. Como tantos jovens anónimos, foi enviado para limpar, discreta e silenciosamente, os despojos do conflito.
Da experiência brotaram cicatrizes, histórias ocultas que através da lente se revelam nesse território onde as linhas de um rosto traçam um mapa, e nesse mapa se confrontam com a palavra dita e sentida.
Da experiência brotaram cicatrizes, histórias ocultas que através da lente se revelam nesse território onde as linhas de um rosto traçam um mapa, e nesse mapa se confrontam com a palavra dita e sentida.
quinta-feira, 19 de março de 2015
AS MULHERES e a GUERRA COLONIAL
Rezaram e fizeram promessas por eles. Escreveram-lhes centenas de aerogramas, adiando o amor, às vezes sem volta. Tornaram-se madrinhas de guerra de homens que nem sequer conheciam. Foram com eles para o território desconhecido de África, que amaram ou odiaram, ou resignaram-se a esperar por eles, com filhos nos braços.
Voaram para os resgatar do mato, onde chegaram mesmo a morrer por eles, e organizaram-se, com maior ou menor cunho ideológico, para lhes aliviar a saudade, enquanto apoiavam as suas famílias. Arriscaram por eles, protegendo-lhes a retaguarda, contestando a guerra, desertando sem saberem quando voltariam ao seu país, mergulhando na clandestinidade e aderindo à luta armada, sujeitas às sevícias da polícia política e perdendo a juventude nas masmorras da prisão. Trataram deles quando voltaram, mutilados e traumatizados, e habituaram-se a amar homens diferentes daqueles com quem haviam casado. Cada uma à sua maneira, as protagonistas deste livro foram pioneiras, desbravando
caminhos outrora vedados às mulheres. Mães, irmãs, filhas, amantes, companheiras, amigas, muitas mulheres viveram a guerra colonial como se também elas tivessem sido mobilizadas. Depois da guerra, também para elas nada foi como dantes.
Voaram para os resgatar do mato, onde chegaram mesmo a morrer por eles, e organizaram-se, com maior ou menor cunho ideológico, para lhes aliviar a saudade, enquanto apoiavam as suas famílias. Arriscaram por eles, protegendo-lhes a retaguarda, contestando a guerra, desertando sem saberem quando voltariam ao seu país, mergulhando na clandestinidade e aderindo à luta armada, sujeitas às sevícias da polícia política e perdendo a juventude nas masmorras da prisão. Trataram deles quando voltaram, mutilados e traumatizados, e habituaram-se a amar homens diferentes daqueles com quem haviam casado. Cada uma à sua maneira, as protagonistas deste livro foram pioneiras, desbravando
caminhos outrora vedados às mulheres. Mães, irmãs, filhas, amantes, companheiras, amigas, muitas mulheres viveram a guerra colonial como se também elas tivessem sido mobilizadas. Depois da guerra, também para elas nada foi como dantes.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
FRAGMENTOS
A guerra esse maldito teatro, onde a morte está sempre representada, deixando nos intervenientes marcas irreversíveis! As imagens ficam indelével na nossa memória, e não nos deixam repousar...continuamos até morrer numa guerra latente!
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
EX-COMBATENTES DA GUERRA COLONIAL SÃO GRUPO DE RISCO(HEPATITE))
Muitos ex-combatentes da Guerra Colonial começam agora a descobrir, quase 50 anos depois, que contraíram hepatite B ou C, doença que pode ser fatal, alertou a associação portuguesa que dá apoio aos doentes hepáticos.
“Temos hoje imensas pessoas que descobrem que estão infectadas, mas já o estão há mais de 40 anos, como o caso dos ex-combatentes”, afirmou a presidente da Associação SOS Hepatites, nas vésperas do Dia Mundial da doença, que se assinala quinta-feira, dia 28 de Julho.
Esta organização suspeita que os ex-combatentes foram expostos ao vírus em território português, porque antes de embarcarem para África levavam, em grupo, uma vacina, que era administrada sem os cuidados necessários.
“Eram colocados em fila e a agulha era reutilizada muitas vezes. Isso deu origem a muitas infecções. Tenho casos de homens com 66/67 anos que descobriram por mero acaso. Andavam cansados, foram ao médico e descobrem que têm uma hepatite desde o tempo da Guerra”, contou Emília Rodrigues.
Quando a doença é detectada tarde, as consequências são as piores: cancro e cirroses, que aumentam as probabilidades de um desfecho fatal. Em Portugal não há dados de prevalência das hepatites, mas com base em projecções da Organização Mundial de Saúde estimam-se 120 mil portadores de hepatite B e 170 mil de hepatite C.
Quando a doença é detectada tarde, as consequências são as piores: cancro e cirroses, que aumentam as probabilidades de um desfecho fatal. Em Portugal não há dados de prevalência das hepatites, mas com base em projecções da Organização Mundial de Saúde estimam-se 120 mil portadores de hepatite B e 170 mil de hepatite C.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
A SORTE
Todos os que passaram pelas três frentes da guerra, tiveram momentos de sorte e de azar. Ver nascer o Sol já era considerado sorte, no entanto outros imponderáveis surgiam por trás do Sol posto!
Este relato demonstra que a sorte é uma roleta russa. Deixo este testemunho que demonstra que a fronteira entre a sorte e o azar é mínima.
"Aerograma(Bate estradas) foi-me devolvido tal como está, traçado de balas ou
estilhaços na emboscada de 26/10/1971, efectuada a Coluna
Piche-N.Lamego, em que faleceram o Al.Mil. Soares, o 1º. Cabo Cruz, o
sold.Cond. Ferreira e o Sold. Manuel Pereira, todos da CART 3332.
Guardo-o religiosamente comigo..."
Carlos Alberto Carvalho
Este relato demonstra que a sorte é uma roleta russa. Deixo este testemunho que demonstra que a fronteira entre a sorte e o azar é mínima.
"Aerograma(Bate estradas) foi-me devolvido tal como está, traçado de balas ou
estilhaços na emboscada de 26/10/1971, efectuada a Coluna
Piche-N.Lamego, em que faleceram o Al.Mil. Soares, o 1º. Cabo Cruz, o
sold.Cond. Ferreira e o Sold. Manuel Pereira, todos da CART 3332.
Guardo-o religiosamente comigo..."
Carlos Alberto Carvalho
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
A AJUDA QUE VINHA DO CÉU
Quem foram
as primeiras paraquedistas que de bata branca ou de camuflado entram na guerra
em missão de paz.
Largaram os
hospitais onde trabalhavam, deixaram a família preocupada, adiaram casamentos e
filhos para mais tarde. De modo voluntário, aos vinte e poucos anos, atrasaram
as vidas. Conhecidas como as << As Seis Marias>>, foram as
primeiras enfermeiras paraquedistas a irem à guerra.
Um tributo a
todas elas, algumas já partiram, no entanto aqui ficam registados os seus
nomes:
Maria de
Lourdes Rodrigues
Maria do Céu
da Cruz Policarpo
Maria
Arminda Lopes Pereira
Maria
Zulmira Pereira André
Maria Nazaré
Morais Rosa de Mascarenhas e Andrade
Maria Ivone
Quintino dos Reisterça-feira, 10 de junho de 2014
DIA DE PORTUGAL E DOS EX-COMBATENTES
10 de Junho de 2014
Pois sempre nos ensinaram nas Escolas que os nossos antepassados. Descobriram Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Timor, Macau e Goa, Damão e Diu. Onde ainda se fala a Língua Portuguesa.
Jovens! A Liberdade é tão bela como uma Rosa, mas temos que ter muito cuidado e respeito por ela, pois tem também muitos espinhos
Camaradas Combatentes: Vivemos uma Juventude sofrida. Todos na Flor da Sua Vida.
É que foram, Dois Natais, Duas Páscoas, Dois Aniversários Natalícios, em Territórios
Inóspitos, mas Belos…Lindos e Tristes, a Milhares de Quilómetros da Mãe Pátria….
Não podemos também esquecer os nossos Pais, Mães, Irmãos, Esposas, Filhos,
Familiares e Amigos que sofreram tanto ou mais que Nós .
Portugueses, só são possível estimular os Jovens a servir Portugal, se todos, sem Demagogia e partidarismo soubermos Homenagear aqueles que serviram a Pátria e por Ela deram a Vida.
Viva os Combatentes.
Viva Portugal.
José Adelino Ferreira Nunes
Pois sempre nos ensinaram nas Escolas que os nossos antepassados. Descobriram Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Timor, Macau e Goa, Damão e Diu. Onde ainda se fala a Língua Portuguesa.
Jovens! A Liberdade é tão bela como uma Rosa, mas temos que ter muito cuidado e respeito por ela, pois tem também muitos espinhos
Camaradas Combatentes: Vivemos uma Juventude sofrida. Todos na Flor da Sua Vida.
É que foram, Dois Natais, Duas Páscoas, Dois Aniversários Natalícios, em Territórios
Inóspitos, mas Belos…Lindos e Tristes, a Milhares de Quilómetros da Mãe Pátria….
Não podemos também esquecer os nossos Pais, Mães, Irmãos, Esposas, Filhos,
Familiares e Amigos que sofreram tanto ou mais que Nós .
Portugueses, só são possível estimular os Jovens a servir Portugal, se todos, sem Demagogia e partidarismo soubermos Homenagear aqueles que serviram a Pátria e por Ela deram a Vida.
Viva os Combatentes.
Viva Portugal.
José Adelino Ferreira Nunes
quinta-feira, 29 de maio de 2014
AMIZADES
Resolvi escrever algo sobre a amizade e empatia na guerra. Todos nós tínhamos camaradas que nos diziam algo mais, foi o caso do Ilídio Figueira...um dos cozinheiros da Companhia, e como tal ajudava-nos a retemperar as forças em momentos muito especiais. Bastava fazer-mos uma caçada furtiva e entregar-lhe em mão um cabrito, ou um galináceo que se tinham "escapado" da sanzala mais próxima, e o banquete surgia.
Quis a vida que parti-se cedo demais, no entanto fica na memória o excelente homem que foi, tanto na guerra como posteriormente na sua vida civil.Um adeus... camarada, até um dia.
Quis a vida que parti-se cedo demais, no entanto fica na memória o excelente homem que foi, tanto na guerra como posteriormente na sua vida civil.Um adeus... camarada, até um dia.
sexta-feira, 7 de março de 2014
METADES.....
"Tenho duas metades, uma é feita de sonhos e a outra de coragem. E as duas nunca se encontram."
Um corpo jaz na terra quente,alagado pelo sangue derramado de feridas que já não se fecham. O dia já não lhe sorri, de repente se fez noite cerrada.
Números e letras numa salganhada imperceptível...terra e sangue (mecanográfico) e ali ficaram como despojos duas metades de números desencontrados...pedaços de uma vida!
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
O TEMPO
01 de Março de 2008
A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola.
Dei a conhecer muitas das nossas aventuras pelas terras quentes e vermelhas, procurando reviver emoções e transmiti-las por palavras.
Este meu "caderno" ficará para memória futura.....
Um abraço de camaradagem a todos aqueles que como eu entrelaçaram a sua vida numa guerra, que sacrificou toda uma geração!
A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola.
Dei a conhecer muitas das nossas aventuras pelas terras quentes e vermelhas, procurando reviver emoções e transmiti-las por palavras.
Este meu "caderno" ficará para memória futura.....
Um abraço de camaradagem a todos aqueles que como eu entrelaçaram a sua vida numa guerra, que sacrificou toda uma geração!
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
40 ANOS
40 anos, 40 vidas, 40 horas..... todas elas com o mesmo
denominador comum...o tempo!
Aeroporto do Figo Maduro, em 22 de Outubro de 1973, um Boeing
707 aterrava, com centenas de jovens ávidos de uma nova vida e cheios de
esperança de um futuro melhor, depois de 27 meses por terras de Angola.
Hoje, são recordações que se vão esfumando no tempo......
terça-feira, 1 de outubro de 2013
MATAR PARA NÃO MORRER
No mato,
Onde combato,
Mato.
Não sei porque combato
No mato
Onde ando,
Sem eu querer,
Quere-o o poder,
A combater.
Sem saber o que fazer,
No mato,
Onde combato,
Só, mato,
Para não morrer!
No morro,
Onde combato,
Morro…
Sem
Querer morrer,
No morro,
Onde combato
Mato,
Sem o saber.
Se eu morrer,
A combater,
No morro,
Morro sem querer,
Exige-o o poder
Que não posso combater.
Se mato
É para viver!
Fernando Serrano
Ventos de Guerra
terça-feira, 3 de setembro de 2013
O ZÉ da FISGA
O cartonista Fernando da Silva Gonçalves(Nando), que cumpriu o serviço militar em Angola de 62/64 (Cabinda), teve em alguns dos seus momentos de ócio a criatividade de "criar" um boneco que ficou célebre durante o período da guerra colonial, o Zé da Fisga.
Uma caricatura do soldado português, que se safava, sempre que estava em apuros......
Uma caricatura do soldado português, que se safava, sempre que estava em apuros......
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OUTRORA
01 de Março de 2008 A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola. Dei a conh...
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Lá fora ouve-se gritaria. Percebe-se que há muita agitação. A qualquer momento espera-se ordem para abandonar o navio. Receia-se ver o ocea...
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Espirito de equipe é superar todas as dificuldades em conjunto, e construir uma base de resistência em prol do grupo. Tive o previlégio de ...