Resolvi escrever algo sobre a amizade e empatia na guerra. Todos nós tínhamos camaradas que nos diziam algo mais, foi o caso do Ilídio Figueira...um dos cozinheiros da Companhia, e como tal ajudava-nos a retemperar as forças em momentos muito especiais. Bastava fazer-mos uma caçada furtiva e entregar-lhe em mão um cabrito, ou um galináceo que se tinham "escapado" da sanzala mais próxima, e o banquete surgia.
Quis a vida que parti-se cedo demais, no entanto fica na memória o excelente homem que foi, tanto na guerra como posteriormente na sua vida civil.Um adeus... camarada, até um dia.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
sexta-feira, 7 de março de 2014
METADES.....
"Tenho duas metades, uma é feita de sonhos e a outra de coragem. E as duas nunca se encontram."
Um corpo jaz na terra quente,alagado pelo sangue derramado de feridas que já não se fecham. O dia já não lhe sorri, de repente se fez noite cerrada.
Números e letras numa salganhada imperceptível...terra e sangue (mecanográfico) e ali ficaram como despojos duas metades de números desencontrados...pedaços de uma vida!
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
O TEMPO
01 de Março de 2008
A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola.
Dei a conhecer muitas das nossas aventuras pelas terras quentes e vermelhas, procurando reviver emoções e transmiti-las por palavras.
Este meu "caderno" ficará para memória futura.....
Um abraço de camaradagem a todos aqueles que como eu entrelaçaram a sua vida numa guerra, que sacrificou toda uma geração!
A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola.
Dei a conhecer muitas das nossas aventuras pelas terras quentes e vermelhas, procurando reviver emoções e transmiti-las por palavras.
Este meu "caderno" ficará para memória futura.....
Um abraço de camaradagem a todos aqueles que como eu entrelaçaram a sua vida numa guerra, que sacrificou toda uma geração!
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
40 ANOS
40 anos, 40 vidas, 40 horas..... todas elas com o mesmo
denominador comum...o tempo!
Aeroporto do Figo Maduro, em 22 de Outubro de 1973, um Boeing
707 aterrava, com centenas de jovens ávidos de uma nova vida e cheios de
esperança de um futuro melhor, depois de 27 meses por terras de Angola.
Hoje, são recordações que se vão esfumando no tempo......
terça-feira, 1 de outubro de 2013
MATAR PARA NÃO MORRER
No mato,
Onde combato,
Mato.
Não sei porque combato
No mato
Onde ando,
Sem eu querer,
Quere-o o poder,
A combater.
Sem saber o que fazer,
No mato,
Onde combato,
Só, mato,
Para não morrer!
No morro,
Onde combato,
Morro…
Sem
Querer morrer,
No morro,
Onde combato
Mato,
Sem o saber.
Se eu morrer,
A combater,
No morro,
Morro sem querer,
Exige-o o poder
Que não posso combater.
Se mato
É para viver!
Fernando Serrano
Ventos de Guerra
terça-feira, 3 de setembro de 2013
O ZÉ da FISGA
O cartonista Fernando da Silva Gonçalves(Nando), que cumpriu o serviço militar em Angola de 62/64 (Cabinda), teve em alguns dos seus momentos de ócio a criatividade de "criar" um boneco que ficou célebre durante o período da guerra colonial, o Zé da Fisga.
Uma caricatura do soldado português, que se safava, sempre que estava em apuros......
Uma caricatura do soldado português, que se safava, sempre que estava em apuros......
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
O INICIO-15 DE MARÇO DE 1961
E assim começou uma saga de treze anos, que originou uma flagelação de ideais e na morte de milhares de jovens.......
terça-feira, 30 de julho de 2013
ENCONTROS/DESENCONTROS-MOGOFORES 28-07-2013
Mais um encontro anual de gentes de Angola, mais própriamente do Huíge(Songo/Carmona/Quitexe/Negage), etc.
A finalidade é e será sempre a mesma, o entrelaçar de emoções, e um reviver intenso das saudades!
A finalidade é e será sempre a mesma, o entrelaçar de emoções, e um reviver intenso das saudades!
segunda-feira, 15 de julho de 2013
ALMOÇO EM ERMESINDE EM 13-07-2013
Companheiros....este ano comemoramos no mês de Outubro, 40 anos após o nosso regresso de terras de Angola, onde permanecemos vinte e sete meses. É um privilégio poder estar junto a todos vós, e poder olhar-vos nos olhos e dizer, obrigado camaradas.....
Pela picada da vida, alguns dos nossos companheiros já foram obrigados a parar, deixando-nos a missão de continuarmos o caminho, e assim o faremos. O ano de 2012 foi nefasto para a Onzima, Rato, Marquês e Coelho, todos eles de transmissões, e o Ilídio Figueira, cozinheiro...ficámos mais pobres!
Este é o 12º almoço, convívio, chegámos há dúzia e em todos eles entrelaça-mos amizades e emoções, e sentimos o cheiro da terra africana, e embalámos contos do antigamente, acabando por uma lágrima furtiva aflorar nas nossas faces.
Quero agradecer a todos aqueles que têm comparecido, e manifestar a minha sincera gratidão, extensiva aos familiares que por vezes vos acompanham.
Um bem haja a todos. desejando um feliz retorno aos vossos locais de partida.
Para finalizar cito a frase de um célebre escritor" onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo"....
Pela picada da vida, alguns dos nossos companheiros já foram obrigados a parar, deixando-nos a missão de continuarmos o caminho, e assim o faremos. O ano de 2012 foi nefasto para a Onzima, Rato, Marquês e Coelho, todos eles de transmissões, e o Ilídio Figueira, cozinheiro...ficámos mais pobres!
Este é o 12º almoço, convívio, chegámos há dúzia e em todos eles entrelaça-mos amizades e emoções, e sentimos o cheiro da terra africana, e embalámos contos do antigamente, acabando por uma lágrima furtiva aflorar nas nossas faces.
Quero agradecer a todos aqueles que têm comparecido, e manifestar a minha sincera gratidão, extensiva aos familiares que por vezes vos acompanham.
Um bem haja a todos. desejando um feliz retorno aos vossos locais de partida.
Para finalizar cito a frase de um célebre escritor" onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo"....
segunda-feira, 10 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
PARTIDAS....
Voltando novamente a "bater" na mesma tecla, homenagem a mais um companheiro que "caiu" em terras de Angola em defesa da Pátria! O prisma de observação sobre a guerra é multifacetado e pode sempre ter opiniões diferentes, é uma questão de sensibilidade e de interiorização por uma causa! Eu, como milhares de jovens na altura do conflito formamos uma ideia de que iríamos defender algo que nos pertencia, quem na altura tinha moral para opinar o contrário, possivelmente alguns iluminados.... Depois do conflito terminar começaram a germinar os sabedores do reino, fácil ...depois de acontecer os sapientes doutrinavam ideias e sabedorias, valorizando os que "fugiram" para a Suécia. França etc. etc., as decisões são valorizadas enfrentando os problemas e não fugindo deles! Um abraço de fraternidade a todos aqueles que como eu por lá "andaram".
sábado, 1 de junho de 2013
FOMOS MENINOS
O Menino da Sua Mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Fernando Pessoa
sexta-feira, 31 de maio de 2013
ILÍDIO DOS SANTOS FIGUEIRA
Camarada, companheiro e amigo, partis-te para a última viagem, deixando em todos nós um vazio.
Um até sempre, descansa em paz....
Um até sempre, descansa em paz....
Soldado Ajudante Cozinha
14239570
17-05-1949 a 07-05-2012
domingo, 5 de maio de 2013
MÃE
Foi para todos nós, a pessoa que nos deu o ser, permitiu-se dizer "és meu" e mais tarde deixou-nos "voar".
Sofreram com intensidade a nossa partida para o incerto, mas dentro delas sempre tiveram a secreta esperança de um dia regressarmos. Algumas infelizmente tiveram a dor de não os ver chegar e "alimentaram" toda uma vida o sofrimento da perda.
Hoje sou um dos que já a viu "partir",no entanto a saudade persiste e dói,por isso aqui quero prestar
a minha sincera homenagem.
Sofreram com intensidade a nossa partida para o incerto, mas dentro delas sempre tiveram a secreta esperança de um dia regressarmos. Algumas infelizmente tiveram a dor de não os ver chegar e "alimentaram" toda uma vida o sofrimento da perda.
Hoje sou um dos que já a viu "partir",no entanto a saudade persiste e dói,por isso aqui quero prestar
a minha sincera homenagem.
A TODAS AS MÃES
à Mãe no mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
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