domingo, 9 de outubro de 2016

GUERRA COLONIAL OU GUERRA DO ULTRAMAR?

«A escolha da designação da guerra que os portugueses travaram entre 1961 e 1975 não é inocente e, como se tornou um motivo de polémica, ainda menos inocente é. No entanto, penso que não é tão importante como isso, nem precisa de suscitar grandes exaltações, à medida que o tempo vai assentando. Na verdade, a guerra no Ultramar foi uma guerra colonial, e não há modo de lhe dar a volta se tratarmos apenas do conteúdo. Começou como guerra colonial, desenvolveu-se como guerra colonial, gerou as tensões no Ultramar e na metrópole típicas de uma guerra colonial, atingiu soldados, colonos brancos e guineenses, moçambicanos e angolanos, como uma guerra colonial, levou à queda de uma ditadura por ser uma guerra colonial, logo perdida à cabeça e sem solução militar, acabou como uma guerra colonial, e continuou, nas suas sequelas de guerra civil, como acontece com os efeitos de uma guerra colonial.

Para quem se lhe opôs, desde os desertores, os refractários, os militantes contra a guerra nas escolas e fábricas, os partidos clandestinos que combatiam a ditadura, ninguém a designa a não ser como guerra colonial. Para os nacionalistas africanos que combateram com armas as Forças Armadas Portuguesas, também não lhes passa pela cabeça chamar à guerra outra coisa que não colonial. Penso, com o risco deste tipo de previsões, que ficará na História como guerra colonial, pelo simples facto de ter sido… uma guerra colonial.
Mas há outro lado: muitas centenas de milhares de portugueses combateram na guerra, muitas mães, namoradas e esposas conheceram a espera sobressaltada e o sofrimento com mortes, feridos e feridas, algumas das quais nunca sararam. Ouvi recentemente alguns depoimentos de soldados, e das mulheres que esperavam, e percebe-se muito bem porque a designação guerra colonial os incomoda, mesmo que, ao falarem da sua experiência militar, se perceba até que ponto foram forçados a fazerem-na, sofreram ao fazerem-na, e olham para ela com uma perspectiva muito mais crítica do que muitos opositores à guerra são capazes de ter. Por uma razão simples, eles fizeram-na e precisam, pela sua dignidade e identidade, que o seu esforço e risco não seja minimizado ou apoucado, pela parte que lhes cabe na condenação moral que tem a designação de guerra colonial. Eu nunca designaria a guerra a não ser como colonial, se à minha frente estivessem os seus responsáveis políticos e militares, nem os seus defensores actuais, mas não me incomoda vê-la designada como sendo do Ultramar por estes homens e mulheres. Até porque, de todos os que ouvi, nenhum achava que a guerra tinha sido justa, nenhum correu para a guerra porque acreditava nas virtudes do império, nenhum escondia as violências e os excessos e mesmo alguns sublinhavam como a guerra lhes destruiu quer a vida que desejavam ter, quer a que tiveram.

É também por isso que penso que o Estado e a comunidade lhes devem aquilo que nos países que conheceram grandes guerras, como os EUA e o Reino Unido, é o reconhecimento dos seus veteranos, e o esforço de os apoiar na sua vida tantas vezes difícil. E honrá-los como devem ser honrados porque a justiça e a injustiça das guerras que um país trava não ficam como julgamento moral dos que as combateram, mas sim naqueles que as decidiram.»

José Pacheco Pereira



sexta-feira, 23 de setembro de 2016

ESPÓLIO FOTOGRÁFICO (24)

Humberto Pinto de Morais
Capitão de Infantaria
39203258

  

ESPÓLIO FOTOGRÁFICO (23)

                  José Carlos Ventura Almeida Coelho
                           Alferes Atirador
                             04579069


      

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

MOVIMENTO NACIONAL FEMININO

O Movimento Nacional Feminino (MNF) (1961-1974) foi uma organização de suporte do Estado Novo criada por iniciativa de Cecília Supico Pinto e apoiada por António de Oliveira Salazar, voltada para a organização das mulheres em torno do apoio à Guerra Colonial, em particular quando o conflito em Angola, Moçambique e Guiné se intensificou.




terça-feira, 2 de agosto de 2016

INTERLUDIOS NA GUERRA

SONGO
Durante os vinte e sete meses que estivemos acantonados na vila, tivemos alguns momentos de lazer e para isso contávamos com o CDRS(Clube Desportivo e Recreativo do Songo) que nos proporcionavam  em alguns dias da semana, filmes de amor já que de guerra todos os dias os actores estavam presentes.
Depois aconteciam todos os anos as festas que eram dedicadas às colheitas do café e que tinham o seu cunho característico.


quarta-feira, 8 de junho de 2016

ANGOLA TERRA DE AMORES E ÓDIOS

Passados tantos anos, ainda hoje me percorre no corpo a sensação de que metade de mim ficou em Angola....a saudade impera e por vezes em velocidade vertiginosa as imagens da terra prometida engolem-me literalmente!
Gostava que os que mandam tivessem mais respeito pelo próximo, mas a avidez pelo poder cega-os!!!






quarta-feira, 18 de maio de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

25 DE ABRIL...SEMPRE

25 DE ABRIL...SEMPRE!
ARY dos SANTOS, a voz da liberdade num poema eterno sobre todos aqueles que fizeram um Portugal novo!
Um sentido obrigado aos que intervieram na construção das palavras...LIBERDADE e DEMOCRACIA....







sexta-feira, 1 de abril de 2016

O DIA DO COMBATENTE

                  QUEM COMBATEU POR PORTUGAL NÃO PODE SER ESQUECIDO


 Combatentes + Esposa + Filhos + Netos + Familiares + M. de Guerra Resultante de uma Reunião Memorável entre a Liga dos Combatentes + Associações de Militares e Combatentes + Comissão do Encontro de Combatentes 10 de Junho. Instituições que Representam Oficialmente os Combatentes de Portugal. Obtiveram um acordo por unanimidade e Vão apresentar uma Proposta: A Sua Exª Sr. Presidente da República, e por inerência do cargo o Comandante Supremo das Forças Armadas de Portugal, mas também é o Presidente de Honra do Conselho Supremo da Liga dos Combatentes, para que se Institua Oficialmente em Portugal “ O DIA DO COMBATENTE” Para ser comemorado em todos os Concelhos de Portugal, pois não há uma Família Portuguesa que não tenha um Familiar, que não tenha sido Combatente!!!!! Para no Futuro os nossos Filhos, Netos, Bisnetos e todos os Familiares Vindouros, Recordarem com “PATRIOTISMO DIGNIDADE E HONRA” os Combatentes de Portugal!!!!
Jose Adelino Ferreira Nunes














sexta-feira, 25 de março de 2016

quarta-feira, 2 de março de 2016

ESPÓLIO FOTOGRÁFICO (20)

                                   
                                    Álvaro Andrez Martins-Soldado Transmissões-17457270




             

terça-feira, 1 de março de 2016

JOVENS E INOCENTES

Hoje velhos e cansados, só temos recordações e saudade de todos aqueles que perdemos ao nosso lado. clamando um último pedido...Mãe entrego-me em teu regaço!
Este país desmembrado que desprezou toda uma juventude, que verteu o seu sangue em terras de África, não mereceu o nosso esforço!

            

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ESPÓLIO FOTOGRÁFICO (19)


                            Carlos Manuel Vasco Matoso-Furriel Miliciano Atirador-19912270



               

ESPÓLIO FOTOGRÁFICO (18)


                       José Manuel Subtil da Silva-1º Cabo Auxiliar Enfermeiro-05985370




                              

OUTRORA

01 de Março de 2008 A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola. Dei a conh...