quinta-feira, 26 de julho de 2012

RETORNAR










A vontade de regressar ao nosso refúgio, leva-nos a sonhar imensas vezes e a voar até lá! Por vezes são sonhos que se tornam realidade, e neste caso alguns amigos de outras guerras, realizaram esse sonho e  reencontraram locais que nunca esqueceram e ansiavam rever. O caso do Zé Marques, Dª Luisa , Vitor e o David Piras, recente amigo do Facebook. A todos eles um obrigado pelas fotos que tiraram no SONGO, e um até sempre!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

ENCONTRO DE "MOMENTOS"

No período de tempo que separa, a nossa chegada de Angola e o momento actual, é particularmente grato encontrarmos  companheiros que viveram momentos tão difíceis, como aqueles que passámos, oferecendo o  corpo ás balas. Neste nosso Portugal tão cheio de desigualdades a nível social, mas cheio de emoções e recordações que se mantêm indeléveis nas nossas memórias, espelha-se a qualidade de um povo que apesar de sacrificado, continua a recordar os seus "filhos". Isto porque muitas sãos as vezes que nos cruzamos com antigos camaradas de guerra,desencadeando um fervilhar de emoções  e dando origem á procura de velhos companheiros que se perderam na voragem do tempo! Logo surge uma "rajada" de perguntas, disparada na ânsia de respostas...nomes, companhias e locais por onde passámos, sempre com o objectivo de um reencontro tão esperado......



terça-feira, 22 de maio de 2012

MEMÓRIAS..TALVEZ DE UM BEIJO

Memórias de um ciclo de vinte e sete meses que me transformaram, de um jovem estudante crente das suas obrigações, em um combatente em terras desconhecidas, tentando superar sempre o dia a dia, na procura do amanhã....
Hoje... passados anos, revejo-me em momentos variáveis de alegria e tristeza. O barómetro da saudade subiu sempre em espiral, levando-me a valores de completa superação...hoje só tenho memórias de um tempo já desgastado pelo...tempo!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

JOSÉ ANTÓNIO FILIPE RATO

Amigo de todas as viajens de uma vida, esta acabou para ti. Todos aqueles que conviveram contigo ficarão com a saudade de te ter perdido. Descansa em paz!

Soldado Transmissões Infantaria

16598570

02-12-1949 a 13-04-2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

JOSÉ JOAQUIM F. G. MARQUÊS





O partir é eterno....os momentos que passámos juntos, ficarão como recordação. O "filme" para ti acabou.Um até sempre.....
José Joaquim F. G. Marquês
Soldado Radiotelegrafista
16741370
22-10-1949 a 19-04-2012

segunda-feira, 26 de março de 2012

SONGO PARA SEMPRE

                                            
                                                    Sorte esteve com todos aqueles que voltaram
                                                    Ontem, hoje e amanhã será sempre para recordar
                                                    Noites prolongadas por sonhos inacabados
                                                    Guerra e paz, amor e ódio, tudo num sentir
                                                    Os que tombaram serão sempre recordados






quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A "PELUDA"




A peluda é o fim da tropa, o despir da farda, a subversão e a vertigem do jogo, a ideia de andar à solta, ao acaso, como a bola de uma roleta.
A peluda é a ilusão, pois a ilusão é a forma máxima da liberdade, ao sermos alguém que não fomos e nunca seremos.
Na foto a ansiedade de ser possível colocar uma cruz em todos os números que tinha-mos pintado naquele rectângulo de contraplacado, a miragem da partida estava sempre presente na nossa mente, o almejado dia era uma incógnita que pairava constantemente sobre nós....
A partida e a chegada, dois sentimentos profundamente antagónicos que conviveram connosco durante vinte e sete meses.....longos e penosos!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

PERDIDOS no TEMPO



Companheiros que durante o período da guerra, estiveram ao nosso lado , nos bons e maus momentos, no entanto acabaram por cortar o cordão umbilical que os unia à Onzima, devido a várias circunstancias da vida.
Alguns não resistiram ao chamamento da emigração e partiram na procura de novos horizontes, tentando construir o seu pé de meia, outros por razões pessoais ou morais, omitiram do seu arquivo, o período referente à guerra colonial, achando por bem não reavivar memórias.
O último grupo pertence aos companheiros que já partiram definitivamente, deixando em todos nós, a eterna saudade.....

Emigrantes:
Duarte Machado Ribeiro--Luxemburgo
Ílidio Fernandes Aguiar--Suiça
Samuel Alexandre Jesus-França
Domingos M. Correia Martins---Austrália
Joaquim Marques Francisco---

Omissos:
António Santos Carvalho-----Alenquer
Eduardo Manuel Bento Gomes-Almeirim
Joaquim Fernando Cunha----Lisboa
Severiano da Silva Leitão----Mafra
Victor Manuel Ventura Nunes-Angola
João Manuel Netas Neves---Lisboa
Luís Manuel Xavier de Sousa-Lagos
Manuel Caetano Pereira----Matosinhos

Falecidos:
Arménio Esteves Basso(1)-16.06.1972
João A. Júnior(2)-05.01.1972
Armando Silva Jesus(3)-1973
Fernando Ferreira Cunha(4)
João Ribeiro Moreira-----Apúlia(5)
José Lopes de Azevedo---Entre-os-Rios(6)-23-03-2002
Humberto Pinto Morais(7)-23.05.1992
José Coelho(8)-10.08.2011
José António Filipe Rato(9)-13.04.2012
José Joaquim F. G. Marquês(10)-19.04.2012 
Ílidio Santos Figueira(11)-07-05-2012

terça-feira, 22 de novembro de 2011

SONGO NO IMAGINÁRIO







Foi sem qualquer dúvida o nosso ponto de balizagem , ali o tempo demorou mais a passar, os dias pareciam anos, anos esses que ficaram em todos nós como uma marca indelével.
Cheiros característicos ainda hoje nos vêm visitar, o da sua terra molhada, após torrentes de água caindo em catadupas de um céu imenso e por vezes impiedoso, o das queimadas que se transformavam por vezes em incêndios devastadores e que "engoliam" através das suas labaredas gigantes tudo o que se opusesse ao seu poder devastador. Tudo isto foi-nos "oferecido" pela Mãe Natureza para podermos recordar mais tarde esses momentos, quando por vezes cansados, semi-cerramos os olhos e o slide show vai passando, trazendo-nos  à memória essas imagens de arquivo.
O Songo ficará para todos nós como uma passagem para a outra margem, deixando-nos um desvario de sentimentos e emoções arbitrárias.........

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ENCONTROS DE UMA VIDA




Foi em Almeirim, mas podia ter sido em Valadares, Queluz, Matosinhos, ou  num outro qualquer lugar, deste nosso Portugal. Por lá deixamos correr as nossas vivências que se perderam no tempo, não na memória.

"Em Almeirim, no almoço anual com os meus camaradas. Ouvi falar de África o tempo inteiro.Tratam-me sempre tão bem! Às vezes tenho dificuldade em distinguir, nos homens de hoje, os rapazinhos de então. Depois um sorriso, um trejeito, qualquer coisa para além das feições e reconheço-os. trazem as mulheres, os filhos, mostram as fotografias dos netos. Há quem venha do estrangeiro, de propósito. Há quem ainda ponha a boina na cabeça. Quase todos continuam lá, pelo menos uma parte deles continua lá. Os mortos connosco. Falo pouco, como sempre, oiço-os. Vivi tudo aquilo que eles continuam a viver e que, para mim, é uma espécie de sonho. Farrapos de lembranças, coisas que me dizem que fiz e mal recordo. Ao lembrarem-mas avivam-se um bocadinho, desbotam-se de novo.
Em Almeirim longos abraços enternecidos, saudades, quem sou eu? Sei e não sei, fujo de mim, regresso persigo-me desisto. Sou muitos. Deixei muitos pelo caminho e continuo a ser muitos. Um dia tudo isto pára. E metem um só no caixão. Fiz o que pude , com a força que tinha, e dói-me os imensos erros, patetices,asneiras. Sofri que me fartei. Algumas alegrias no meio disto, claro, alguns momentos quase perfeitos na eterna guerra civil dos meus dias.
Em Almeirim com a tropa, emboscadas, flagelações, minas, álbuns e álbuns de fotografias daquilo. Assinei um livro ao dono do restaurante, antes de me vir embora. Eles continuaram lá. Gente de quem eu gosto, com quem vivi muitos meses. Nem os mortos faltaram: estávamos todos, os mortos nunca faltam. São os primeiros a chegar e os últimos a deixarem-nos. E aqui estão eles comigo, apesar de eu sozinho."
António Lobo Antunes -Revista Visão

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

OS FLECHAS





Os Flechas foram forças de operações especiais dependentes da Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) , criadas, inicialmente em Angola, para actuar na Guerra do Ultramar.


Durante a Guerra do Ultramar, a PIDE (a partir de 1969, chamada Direcção-Geral de Segurança (DGS) era responsável pelas operações de recolha de informações estratégicas, investigação e acções clandestinas contra os movimentos guerrilheiros, em apoio das Forças Armadas e de Segurança. Como tal foi decido criar uma força especial armada para auxílio e protecção dos agentes da PIDE nas operações contra os guerrilheiros.
Os membros dos Flechas eram recrutados entre determinados grupos nativos, nomeadamente ex-guerrilheiros e membros da etnia bosquímana (khoisan). Os bosquímanos que historicamente tinham sido invadidos pelos povos bantu não tinham qualquer problema a aliar-se aos portugueses, dado que viam nos movimentos de libertação o bantu invasor do seu território. Estes eram especialmente escolhidos pelas seus conhecimentos do inimigo, conhecimento do terreno, conhecimento das populações locais, etc. Esses membros nativos eram enquadrados por oficiais do Exército Português e por agentes da PIDE e recebiam treino de forças especiais.
Com o decorrer da Guerra do Ultramar os Flechas revelaram-se uma das melhores forças anti-guerrilha ao serviço de Portugal, indo progressivamente alargando o seu tipo de actuação. Se no início eram basicamente usados como guias e pisteiros dos agentes da PIDE, passaram posteriormente também a ser usados como forças de assalto em operações especiais. Pelo reconhecimento do seu elevado nível de eficácia, as próprias Forças Armadas passaram a solicitar frequentemente à PIDE o auxílio dos Flechas nas suas operações.
Algumas das operações frequentemente realizadas eram as chamadas Pseudo Terroristas, em que os Flechas, muitos deles ex-guerrilheiros, se disfarçavam de guerrilheiros inimigos, para atacarem alvos com características tais que não podiam ser abertamente atacados por forças identificadas como portuguesas (ex.: alvos em território estrangeiro, missões religiosas que auxiliavam terroristas, bases terroristas de difícil aproximação, etc.).
Os Flechas actuaram sobretudo em Angola. Na década de 1970 começaram a ser organizados Flechas também em Moçambique mas que não chegaram a ter uma importância tão elevada.
Organização e Equipamento
Foram inicialmente organizados pelo Sub-Inspector Óscar Aníbal Piçarra de Castro Cardoso no período que passou nas “terras do fim do mundo”- o Kuando-Kubango. Os Flechas estavam organizados em Grupos de Combate de cerca de 30 homens. Estavam equipados com o equipamento em uso no Exército Português, mas também utilizavam muito armamento capturado aos guerrilheiros, nomeadamente nas Operações Pseudo-Terroristas.

O seu item de fardamento mais conhecido era a Boina Camuflada que se tornou um dos seus símbolos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CARTAS PARA PORTUGAL



Escrevi muitas cartas endereçadas, aos que deixei em pranto e angústia da incerteza do regresso, ou talvez não. Nelas relatava pouco ou nada...só a saudade, tudo o resto era marginal, procurava-mos esquecer os dias que faltavam para tornar-mos o tempo mais curto. Aqui fica um registo de Pedro Barroso, evocando a "nossa" guerra!

domingo, 10 de julho de 2011

ENCONTROS no TEMPO



Hoje, encontrei um velho camarada da guerra, mais desgastado pelo tempo, mas ainda com força para enfrentar novas guerras de um cariz diferente, mas tão ou mais importante da que travámos em 71/73 em Angola. Um abraço Rato.......em Lagos!

O cenário mais idílico, mas nem por isso deixámos de recordar "dores" latentes nas nossas memórias, o desfilar de recordações que nos alimentam ainda os corações! Uma transmissão de ideias sem rádio, mas com emoções.....

OUTRORA

01 de Março de 2008 A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola. Dei a conh...