segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
O CAFÉ


O Café é por excelência um riqueza, que durante a administração colonial portuguesa contribuiu substancialmente para o desenvolvimento da então província de Angola. A província do Uíge, situada no norte do país, com uma extensão de 58.698 km2 foi a principal produtora e, nos últimos anos, antes da independência nacional, contribuía com cerca de 30 por cento no orçamento da administração colonial.
No entanto, a criação de empresas territoriais depois da independência deu novo impulso para a produção do café, que começou a decair nos anos 86 com o agravamento do conflito armado a nível do país.
Hoje, a produção do café na província do Uíge corre risco de extinção, a julgar pelo derrube sistemático de grandes fazendas cafeícolas em substituição de outras culturas de rápido rendimento, nomeadamente mandioqueiras, bananeiras, e feijoeiros.
A produção de café exige recursos financeiros avultados para garantir uma boa colheita. Produtos como o milho, mandioca, feijão,batata, banana e abacaxi, tornam-se uma alternativa, pois são vendáveis a qualquer momento
Nas grandes fazendas, como a de Pumba Loji, Candande Loé, São Jorge, Congo agrícola....Songo II Maonde, que antes numa colheita rendiam mais de 10 mil toneladas de café mabuba (café com casca), hoje a produção não passa das 150 toneladas.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
"BURROS DO MATO"


Era o nome de baptismo dos célebres Unimogs 411. Estiveram presentes nas três frentes de combate da guerra do Ultramar. Tinham como característica principal vencer as íngremes "picadas" que rumavam em direcção ao infinito.
O 411 assim como o seu irmão maior 404, era uma espécie de «burro de carga» e «pau-para-toda-a-obra» nos cenários africanos onde foi utilizado operacionalmente por Portugal. Desde veículo de ligação, transporte de comida, correio e feridos, até transporte de tropas, fez de tudo. O fabricante tinha mesmo uma versão especifica para Portugal, a que chamou UNIMOG 411.115 e que era desprovido de quaisquer luxos e absolutamente rústico, incluindo nalguns casos um guincho mecânico frontal.
Ao serviço do exército português, cada UNIMOG transportava até 10 homens, em patrulhas (felizmente o português médio na altura era menor que o português médio dos dias de hoje) e a sua posição elevada, e de costas com costas, permitia aos militares detectar movimentos nas proximidades. Em caso de emboscada, a tripulação não tinha qualquer tipo de proteção, baseando-se esta, na capacidade de o militar saltar tão rapidamente quanto possivel para a frente (do veículo para o chão).
Esta vantagem táctica, no entanto, já não era tão evidente no norte de Angola, ou na Guiné, onde a floresta tropical tornava a progressão na selva quase cerrada, uma tarefa extremamente dificil, e onde estar numa posição mais elevada não tinha grandes vantagens.
O conceito do UNIMOG, começou a tomar forma na Alemanha ainda antes do fim da II guerra mundial. Ele não era no entanto um veículo militar, mas sim uma espécie de tractor rural, a que seriam acoplados equipamentos agricolas.
Por isso, ele estava equipado com um motor muito pouco potente, capaz de desenvolver apenas inicialmente apenas 25 cv.
Eles tinham um motor a Diesel que embora resistente vivia em grande medida da desmultiplicação da caixa de velocidades, fazendo com que o veículo se conduzisse muito tempo em 1ª e 2ª, onde se obtinham as melhores prestações. Isto implicava um consumo elevado, e ao mesmo tempo permitia sempre identificar a presença de um UNIMOG pelo seu ruido característico de motor.
O 411 assim como o seu irmão maior 404, era uma espécie de «burro de carga» e «pau-para-toda-a-obra» nos cenários africanos onde foi utilizado operacionalmente por Portugal. Desde veículo de ligação, transporte de comida, correio e feridos, até transporte de tropas, fez de tudo. O fabricante tinha mesmo uma versão especifica para Portugal, a que chamou UNIMOG 411.115 e que era desprovido de quaisquer luxos e absolutamente rústico, incluindo nalguns casos um guincho mecânico frontal.
Ao serviço do exército português, cada UNIMOG transportava até 10 homens, em patrulhas (felizmente o português médio na altura era menor que o português médio dos dias de hoje) e a sua posição elevada, e de costas com costas, permitia aos militares detectar movimentos nas proximidades. Em caso de emboscada, a tripulação não tinha qualquer tipo de proteção, baseando-se esta, na capacidade de o militar saltar tão rapidamente quanto possivel para a frente (do veículo para o chão).
Esta vantagem táctica, no entanto, já não era tão evidente no norte de Angola, ou na Guiné, onde a floresta tropical tornava a progressão na selva quase cerrada, uma tarefa extremamente dificil, e onde estar numa posição mais elevada não tinha grandes vantagens.
O conceito do UNIMOG, começou a tomar forma na Alemanha ainda antes do fim da II guerra mundial. Ele não era no entanto um veículo militar, mas sim uma espécie de tractor rural, a que seriam acoplados equipamentos agricolas.
Por isso, ele estava equipado com um motor muito pouco potente, capaz de desenvolver apenas inicialmente apenas 25 cv.
Eles tinham um motor a Diesel que embora resistente vivia em grande medida da desmultiplicação da caixa de velocidades, fazendo com que o veículo se conduzisse muito tempo em 1ª e 2ª, onde se obtinham as melhores prestações. Isto implicava um consumo elevado, e ao mesmo tempo permitia sempre identificar a presença de um UNIMOG pelo seu ruido característico de motor.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
MADEIRA / MADEIRENSES

A ilha da Madeira começou a ser povoada por volta de 1432/33. A primeira vez que as palavras ILHA DA MADEIRA surgem escritas é num documento de 23 de Setembro de 1433, D. Duarte acaba de assumir o trono e doa ao seu irmão Infante D. Henrique as ilhas da Madeira e Porto Santo. Dois anos mais tarde o Bispo de Burgos alega no Concílio de Basileia: "Ilha da Madeira, que de há pouco tempo a esta parte começou a ser povoada por alguns portugueses".
O arquipélago da Madeira apresenta um conjunto de cenários naturais que variam entre peculiares fajãs, montanhas e penhascos envoltos em finas névoas e montes vestidos a verde esmeralda.
É na exuberância da paisagem que se encontra um dos maiores atrativos turísticos da ilha da Madeira. A sua luxuriante vegetação continua a fascinar todos aqueles que mantêm um forte relacionamento com a natureza.
Este arquipélago, inserido na região biogeográfica da Macaronésia, detém um património natural de elevada importância científica, o qual foi reconhecido pela UNESCO como Património Natural Mundial. Sua origem é vulcânica, fica no oceano Atlântico a 32º de latitude norte e 17º de longitude oeste é formado pelas ilhas da Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens.
A mais importante destas é a Madeira com o comprimento de 57 Km e largura de 22 Km. Com uma população de cerca de 260.000 habitantes a ilha é montanhosa e tem um clima mediterrânico com características sub-tropicais possuindo uma grande variedade de fauna e flora indígena e rara. A sua economia assenta sobretudo na indústria turística, artesanato (bordados, vimes,etc...),flores e frutos tropicais e o tão afamado Vinho Madeira.
Das seis cidades madeirenses ( Funchal,Porto Santo,Machico, Câmara de Lobos, Santa Cruz e Santana) o Funchal , situado na costa sul, é a capital e a cidade mais populosa com cerca de 120.000 habitantes.
Teria que, indubitavelmente, "chamar" a Madeira para o blog da C.Caç. 3411, e isto, devido ao facto da maioria dos militares que a compunham, serem oriundos da bela ilha, tendo sido mobilizados na altura pelo BII19, sediado no Funchal.
Estávamos na mesma guerra, percorrendo os mesmos trilhos, no entanto alguns não chegariam ao termo do percurso. Entre todos aqueles que me ficaram na memória,relembro com saudade o "Caganeira" e o "Velhinho".
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
NA ROTA DO SONGO
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Durante os treze anos que "durou" a guerra colonial, estiveram aquartelados no Songo milhares de militares. Após uma pesquisa exaustiva consegui elaborar uma lista de todas as Companhias e Batalhões que por lá "passaram" em missão de guerra/paz.
1961/62-Companhia Caçadores----97, Companhia Caçadores----127,Batalhão Caçadores------155 ,Batalhão Caçadores-------156,Pelotão Morteiros---------14, Pelotão Canhões-----------9,Destacamento Manutenção Material-204-1963-Companhia Caçadores---464,Companhia Artilharia.... 493-1964-Pelotão de Canhões----894-1965-Companhia Caçadores-----758,Companhia Caçadores----1432-1967-Companhia Caçadores----1740-1969-Companhia Artilharia----2573-1971-Companhia Caçadores----2569,Companhia Caçadores----3411-1973-Companhia Artilharia----6553,CIFA/RMA(Comando Independente Forças Angola).
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
TRANSMISSÕES

Palavras que por vezes se dispersavam no éter,mas no essencial chegavam sempre ao seu destino. Na maioria das vezes pedindo auxílio (S.O.S.) e noutras uma mera troca de palavras,algumas de apoio, outras de ataque, tendo sempre em comum a distância que separava os intervenientes.
Os rádios objectivamente tiveram uma importante missão na nossa guerra, mas sem um número indeterminado de homens ligados ás comunicações(Transmissões,Rádio-Telegrafistas e Criptos) ela teria sido muito mais caótica e aniquilante.
Deixo aqui o meu tributo a todos aqueles que tão bem desempenharam a sua função, especialmente aos da minha companhia: Calado,Rato,Vieira,Coelho,Lopes,Abílio,José Luís,Aurélio,Marquês,Domingos Martins e o Andrez Martins.
Os rádios objectivamente tiveram uma importante missão na nossa guerra, mas sem um número indeterminado de homens ligados ás comunicações(Transmissões,Rádio-Telegrafistas e Criptos) ela teria sido muito mais caótica e aniquilante.
Deixo aqui o meu tributo a todos aqueles que tão bem desempenharam a sua função, especialmente aos da minha companhia: Calado,Rato,Vieira,Coelho,Lopes,Abílio,José Luís,Aurélio,Marquês,Domingos Martins e o Andrez Martins.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
CONTAGEM DECRESCENTE

Infelizmente a contagem foi ampliada em mais ou menos dois meses, o que tornou angustiante a espera por tão almejada data. A incerteza permaneçeu sempre em aberto, esperando que de um qualquer golpe de magia fosse "despejada" no Songo a companhia que iria ocupar o "nosso" lugar.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
"QUEIMADAS"

Noites sem fim tentando encontrar pensamentos dispersos, que vagueavam no nosso imaginário. Com o olhar fixo na distãncia, viajávamos em sonhos repletos de fantasias procurando atingir o zénite, a escuridão abraçava-nos e adormecia-nos no seu torpor. No entanto de repente a metamorfose aconteçe, da escuridão da noite nascem labaredas gigantes de um vermelho intenso e quente e ás quais os nossos olhos custam a adaptar-se, ficávamos estarrecidos com a grandiosidade do espectáculo, e o horizonte ia gradualmente desapareçendo, consumido pelas labaredas gigantes que subiam em direcção ao céu, como que transportando os nossos pensamentos.A noite acabava por dar lugar ao dia, mas o fogo, esse continuava imparável a devorar avidamente tudo o que o rodeava.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
TETA LANDO

Conhecemo-nos nos bancos da Escola Industrial Machado de Castro nos anos sesssenta. Natural de Angola,da antiga provincia de Huíge, era uma pessoa que se diferenciava já naquela altura, mas no essencial era amigo dos seus amigos.
Perdi-lhe as pisadas na voragem do tempo, tendo só há alguns anos atrás, sido informado da sua luta pela cultura Angolana, que se desenvolvia mais objectivamente na area da música(músico e compositor), tendo por muitos anos como "base" a cidade de Paris, por onde permaneceu longas temporadas.
Infelizmente esta semana fui informado do seu falecimento, perdeu-se por isso um dos ícones da cultura angolana. Esteja onde estiver paz á sua alma e um obrigado pelo que fez em prol da cultura entre os povos.
-Alberto Teta Lando, natural de M'Banza Congo, onde nasceu em 1948 era oriundo de familia numerosa, com 32 filhos.
Escreveu a sua primeira música em 1964 e dois anos depois com a publicação do primeiro LP passou a integrar o grupo restrito dos melhores músicos angolanos.
Exilado em Paris entre 1978 e 1989, por ser confesso seguidor de Holden Roberto, regressa para integrar o Festival Nacional da Cultura (Fenacult), em Luanda.
Ao longo da sua vasta carreira de 44 anos obteve êxitos inesquecíveis como "Negra de carapinha dura", "Eu vou voltar" ou "Um assobio meu".
O seu último trabalho "Memórias" é uma colectânea das músicas escritas ao longo da sua carreira.
Ocupou desde 2006 o cargo de presidente da UNAC (União Nacional dos Artistas e Compositores).
Era casado e pai de três filhos.
Escreveu a sua primeira música em 1964 e dois anos depois com a publicação do primeiro LP passou a integrar o grupo restrito dos melhores músicos angolanos.
Exilado em Paris entre 1978 e 1989, por ser confesso seguidor de Holden Roberto, regressa para integrar o Festival Nacional da Cultura (Fenacult), em Luanda.
Ao longo da sua vasta carreira de 44 anos obteve êxitos inesquecíveis como "Negra de carapinha dura", "Eu vou voltar" ou "Um assobio meu".
O seu último trabalho "Memórias" é uma colectânea das músicas escritas ao longo da sua carreira.
Ocupou desde 2006 o cargo de presidente da UNAC (União Nacional dos Artistas e Compositores).
Era casado e pai de três filhos.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
GRUPOS

Na guerra existiam dois tipos de grupos, os de combate e os da amizade e companheirismo. Todos tentávamos estabelecer laços cordiais, visto ser importante fazer prevalecer e fortalecer a união entre todos.
No meu caso pessoal, convivi durante a grande maioria do serviço militar com o Óscar(Cabo Mecânico), o Gouveia(Cabo Condutor),o Beja(Sold.Mecânico)e o Velez(Sold. Mecânico).
Com todos eles construí um elo de amizade que ajudou a minimizar as agruras da guerra.
Ficarão para sempre na "moldura" do tempo, e até ao "apito final" estarão sempre nas
minhas memórias.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
"O PIMPÃO"
Raramente vesti a farda número um(nome pela qual era conhecida), no entanto quando tirei o "boneco" e vi o resultado, garanto que até gostei!!
Nem me lembrei que estava na guerra, pensei isso sim estar a ter um sonho passageiro no qual desfilava entre alas de jovens "guerreiras" que a todo o custo queriam uma lembrança do seu herói .
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
FRANQUIAS

Sêlos que transportaram milhões e milhões de anseios que atravessavam oceanos em cartas repletas de mensagens contendo emoções geradas na distância. Os momentos vividos pelos "guerreiros" do Songo eram ávidamente guardados em papiros que para serem transportados aos mais longínquos lugares tinham que ser franquiados.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
INTERREGNO
Tudo é falível e como tal a minha"máquina" emperrou e por mais Vudu que eu fizesse não consegui recuperá-la. Como tal teve que recolher ás "boxes" estando a aguardar o diagnóstico dos "médicos" especialistas.
Devido a esta "panne" não tenho dado a devida assistência ao blogue, como tal as minhas desculpas a todos os "olheiros" do mesmo.
Devido a esta "panne" não tenho dado a devida assistência ao blogue, como tal as minhas desculpas a todos os "olheiros" do mesmo.
domingo, 24 de agosto de 2008
E.P.C.



Parti em direcção à Escola Prática de Cavalaria em Santarém no dia 06 de Abril de 1970,a fim de frequentar o 2º Turno do Curso de Sargentos Milicianos que viria a terminar em 20 de Junho do mesmo ano.
Por lá foram vividos momentos de angústia e sofrimento, desde as célebres maratonas até Vale de Cavalos, passando pela "frigideira" (parada do destacamento)aonde chegávamos a estar 4/6 horas em pé com o equipamento completo, sob o sol tórrido de Verão, tendo como guarda-sol o capacete de aço que em alguns momentos chegava a pesar um"alqueire" e estrelava um ovo num "piscar de olhos". Como complemento tinha-mos o prémio das "24horas de Santarém", que irei dissecar mais tarde numa outra narrativa.
Assim era a realidade de um "puto" de 20 anos, retirado abruptamente dos braços do seio familiar e de todo um mundo imaginário cheio de sonhos côr de rosa.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
"SELF SERVICE "

Na altura, no Quivuenga não existia equipamento que "ombreasse" com a rapidez de municiamento do combustivel para os Unimogs. As "bombas" tinham vindo expressamente da USA, com patente registada, a transfega era efectuada em jerricans de 20 litros, manuseados com pericia pelo Beja.
Nessa altura já se utilizava uma mistura "explosiva" que levava os Unimogs a velocidades superiores a 20 Km/hora!!!
Nessa altura já se utilizava uma mistura "explosiva" que levava os Unimogs a velocidades superiores a 20 Km/hora!!!
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𝗔 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗵𝗼𝗺𝗲𝗻𝘀 𝗲́ 𝗶𝗻𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗮 𝗲𝗺 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗽𝗮́𝗴𝗶𝗻𝗮𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗼𝗿 𝗽𝗲𝘀𝗮...