sábado, 11 de janeiro de 2025
𝟏5º 𝐂𝐎𝐍𝐕𝐈́𝐕𝐈𝐎 𝐃𝐀 𝐎𝐍𝐙𝐈𝐌𝐀 𝐄𝐌 𝐁𝐑𝐀𝐆𝐀 𝐄𝐌 𝟐𝟔-𝟏𝟎-𝟐𝟎𝟐𝟒
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
𝐀𝐧𝐨 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟐𝟓
𝐎 𝐚𝐧𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐢𝐧𝐢𝐜𝐢𝐚 𝐞́ 𝐮𝐦𝐚 𝐧𝐨𝐯𝐚 𝐨𝐩𝐨𝐫𝐭𝐮𝐧𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐚𝐫, 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐞𝐣𝐚𝐫 𝐞 𝐯𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐧𝐬𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐜𝐚𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨. 𝐐𝐮𝐞 𝐩𝐨𝐬𝐬𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐬𝐟𝐨𝐫𝐦𝐚𝐫 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐨𝐬 𝐞𝐦 𝐫𝐞𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞.
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
𝐎𝐒 𝐇𝐄𝐑Ó𝐈𝐒 𝐓𝐀𝐌𝐁É𝐌 𝐒𝐄 𝐀𝐁𝐀𝐓𝐄𝐌!
𝐎𝐒 𝐇𝐄𝐑Ó𝐈𝐒 𝐓𝐀𝐌𝐁É𝐌 𝐒𝐄 𝐀𝐁𝐀𝐓𝐄𝐌!
Armando Silva de Jesus
Soldado Atirador de Infantaria, n.º 17320271
Companhia de Caçadores 3411
(Batalhão Independente de Infantaria 19)
Cruz de Guerra, de 3.ª classe
(Título póstumo)
Mais informação carregar no link.
terça-feira, 5 de dezembro de 2023
O ÚLTIMO "COMBATE" FINAL
Em 1996 passados 23 anos do nosso regresso a Portugal(1973) encetei juntamente com o Beja na organização dos almoços convívio da C.Caç. 3411(Onzima) foi um percurso por vezes difícil mas nunca nos faltou a vontade de congregar o máximo possível de camaradas/companheiros que diariamente conviveram durante 27 meses e que juntos suprimos muitos momentos maus e cheios de incertezas.
Durante 27 anos realizámos estes encontros (1996/2023) tendo eu realizado os últimos encontros, viajámos de Norte a Sul na procura do melhor local para podermos desfrutar de um são convívio e exorcizar velhas recordações da guerra.
Sentimos que nesses encontros reencontramos outra vez os 20 anos e nessa altura nada nos fazia parar, o dia seguinte era sempre o mais importante, era o sinal de que estávamos vivos.
Este encontro em Águeda (28-10-1923) foi o meu adeus a um percurso que me trouxe vários momentos de puro entrelaçar de emoções fortes e que constituíram momentos de pura camaradagem. Todos temos o momento certo para sair e o meu chegou.
Quero no entanto deixar aqui um pódio dos mais colaborantes neste ciclo de convívios para que fiquem como memória futuro.
Um obrigado do coração a todos aqueles que sentiram o apelo da chamada
Até sempre camaradas/amigos de sempre.
domingo, 12 de novembro de 2023
Marta Martins Silva
Marta "agarrou" no tema da Guerra Colonial com muita garra de exorcizar os medos e revolta que muitos sentiram no seu âmago.
Excelente jornalista, transporta para as gerações actuais e não só, o que foi a Guerra Colonial. retratou e retrata episódios marcantes de quem "viveu" na guerra e do êxodo de milhares de portugueses que sentiram na pele a angústia do partir.
Um obrigado pelo excelente trabalho que tem feito no sentido de dar a conhecer realidades que se perderam no tempo...lembrar é preciso.
sábado, 11 de novembro de 2023
A GUERRA NO CINEMA
"Monsanto" quer ser o segundo filme mais visto de sempre na televisão. Ou melhor, o primeiro - de novo. Depois da paixão proibida de "Amo-te Teresa", a SIC aposta forte no cenário de fogo da mata de Monsanto, onde um ex-combatente da guerra colonial exorcista as recordações da frente de batalha. Alguém mencionou "Inferno", de Joaquim Leitão? Otelo Saraiva de Carvalho dá uma ajuda, como actor. A morte do tenente-coronel Marcelino da Mata foi só mais um episódio a mostrar que, quando o tema é o colonialismo tardio e a Guerra Colonial, o mais provável é que as posições se extremem. É um fenómeno com razões conhecidas, mas que, quase 50 anos depois, não foi possível ultrapassar.
10 FILMES SOBRE A GUERRA COLONIAL
‘Non, ou a Vã Glória de Mandar’,
Manoel de Oliveira, 1990
‘Inferno’, Joaquim Leitão, 1999
‘Capitães de Abril’,
Maria de Medeiros, 2000
‘Um Adeus Português’, João Botelho, 1985
‘Monsanto’, Ruy Guerra, 2000
‘Brandos Costumes’, Alberto Seixas Santos, 1975
‘Bom Povo Português’, Rui Simões, 1981
‘Se a memória existe?’, (curta-metragem) João Botelho, 1999
‘A Tempestade da Terra’,
Fernando de Almeida e Silva, 1998
‘Era uma vez um Alferes’,
Luís Filipe Costa, 1987
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
A GUERRA NA PAZ
O encontro emotivo de camaradas de uma vida leva-nos a um patamar de emoções excelso. Não se quantifica a saudade e as emoções por números mas sim pelo apertar de uma mão ou pelo abraço forte e sentido. Estivemos juntos na estrada da vida e continuaremos a comemorar o estarmos juntos na celebração de mais um ano que passou. Um obrigado a todos sem excepção.
50 Anos uma vida
Companhia Caçadores 3411
terça-feira, 4 de abril de 2023
RELEMBRAR
𝙍𝙀𝘾𝙊𝙍𝘿𝘼𝙍 𝙇𝙊𝘾𝘼𝙄𝙎 𝙌𝙐𝙀 𝙉𝙊𝙎 𝙈𝘼𝙍𝘾𝘼𝙍𝘼𝙈
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
𝕀ℕ𝕊𝔸ℕ𝕆𝕊
𝐁𝐨𝐦 𝐀𝐧𝐨 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟐𝟑
𝐂𝐎𝐌𝐁𝐀𝐓𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒
𝐄𝐬𝐭𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐚 "𝐜𝐚𝐢́𝐫" 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐞𝐦 𝐭𝐨𝐫𝐝𝐨𝐬, 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐦𝐨𝐬 𝐚 𝐫𝐞𝐜𝐞𝐛𝐞𝐫 𝐚𝐬 "𝐦𝐞𝐝𝐚𝐥𝐡𝐚𝐬" 𝐝𝐞 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞𝐠𝐚𝐫𝐦𝐨𝐬 𝐚 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚 𝐣𝐮𝐯𝐞𝐧𝐭𝐮𝐝𝐞 𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐮𝐬𝐚 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐢𝐝𝐚. 𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐟𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐢𝐝𝐨𝐬 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞𝐠𝐚 𝐞 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐥𝐮𝐭𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐧𝐨 𝐝𝐢𝐚 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐢𝐧𝐭𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐫𝐦𝐨𝐬 𝐯𝐢𝐯𝐨𝐬. 𝐅𝐨𝐦𝐨𝐬 "𝐚𝐫𝐫𝐚𝐧𝐜𝐚𝐝𝐨𝐬" 𝐝𝐚𝐬 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚𝐬 𝐫𝐚𝐢́𝐳𝐞𝐬 𝐚𝐢𝐧𝐝𝐚 𝐚𝐝𝐨𝐥𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬, 𝐜𝐨𝐦 𝐩𝐨𝐮𝐜𝐚 𝐦𝐚𝐭𝐮𝐫𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐞𝐧𝐟𝐫𝐞𝐧𝐭𝐚𝐫 𝐨𝐛𝐬𝐭𝐚́𝐜𝐮𝐥𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐨𝐬 𝐟𝐨𝐫𝐚𝐦 𝐚𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐞𝐧𝐝𝐨. 𝐓𝐮𝐝𝐨 𝐩𝐚𝐬𝐬𝐚 𝐦𝐚𝐬 𝐚𝐬 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐫𝐝𝐚𝐜̧𝐨̃𝐞𝐬 𝐝𝐨𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐥𝐚́ 𝐞𝐬𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫𝐚𝐦 𝐧𝐚̃𝐨 𝐬𝐞 𝐚𝐩𝐚𝐠𝐚𝐫𝐚𝐦 𝐞 𝐯𝐚̃𝐨 𝐚𝐜𝐨𝐦𝐩𝐚𝐧𝐡𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐮𝐦 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨, 𝐟𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐜𝐚𝐫𝐧𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐡𝐚̃𝐨. 𝐀 𝐭𝐨𝐝𝐨𝐬 𝐨𝐬 𝐜𝐨𝐦𝐛𝐚𝐭𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐚𝐢𝐧𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐬𝐢𝐬𝐭𝐞𝐦 𝐮𝐦 𝐚𝐛𝐫𝐚𝐜̧𝐨 𝐟𝐫𝐚𝐭𝐞𝐫𝐧𝐨 𝐫𝐞𝐩𝐥𝐞𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐚𝐦𝐢𝐳𝐚𝐝𝐞.domingo, 13 de junho de 2021
HOMENAGEM AOS COMBATENTES DA GUERRA COLONIAL EM OLIVEIRA de FRADES
Tem sido constante nos últimos anos e de forma crescente o erigir monumentos aos combatentes que estiveram em várias frentes de combate nas antigas províncias ultramarinas.
Oliveira de Frades minha terra natal não fugiu à regra e em 15-05-21 foi inaugurado o monumento na presença do Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.
A autoria deste monumento é do Arquiteto José Paulo Loureiro.
sexta-feira, 11 de junho de 2021
FILHA DA GUERRA
A melhor forma de evocar o meu pai e de lidar com os meus estilhaços, é combater uma das mais flagrantes heranças coloniais: o racismo estrutural. E é desconstruir a narrativa da extrema-direita em todos os espaços da nossa vida. Esta é a urgência a que eu devo, a que devemos saber responder.Nasci a 1 de abril de 1980. Seis anos após o 25 de Abril. E sou filha da Guerra Colonial.O meu pai esteve em Moçambique. Nascido em Moimenta da Beira, filho adotivo de um homem extremamente rígido do regime, o meu pai alistou-se. Em abril de 1969, partiu para Luanda a bordo do navio Vera Cruz. No mesmo ano, fez a viagem, no navio comercial Império, para Moçambique. Integrou a 21ª Companhia de Comandos, que participou, entre outras operações, na Nó Górdio. Espoliou, matou e viu morrer. Morreu aos poucos.Às 8h15 de 9 novembro de 1970, feriu-se em Montepuez, ao manipular um dispositivo explosivo que estava a preparar. “Desarticulação atípica da mão esquerda, desarticulação da mão direita”, é o que consta do seu processo médico. Foi posteriormente evacuado para o Hospital Militar Principal, em Lisboa. Passou ainda vários períodos no Hospital de Hamburgo, na Alemanha, para o qual foram encaminhados alguns estropiados de guerra. Foi depois “atirado” para o Depósito dos Indisponíveis na Graça, em Lisboa. E Depósito é mesmo a palavra correta para classificar esse espaço.
A Guerra Colonial foi um marco incontornável na vida do meu pai. Apenas pude construir um puzzle a partir dos fragmentos que ele ia partilhando sobre a sua vida antes, durante e no imediatamente a seguir à Guerra. Desde a sua morte, em janeiro de 2015, tenho dedicado parte do meu tempo a descobrir mais sobre a sua história, o seu percurso. Passei várias horas no Arquivo Geral do Exército, no Arquivo Histórico Militar, participei no almoço de ex-combatentes da 21ª Companhia de Comandos, continuo a conviver com os seus/meus companheiros da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). Mas não foi preciso muito para perceber que, se não antes, a revolução dentro do meu pai emergiu na Guerra.Parte do corpo do meu pai ficou em Moçambique. Consigo trouxe a certeza de que era preciso acabar com a Guerra. O meu pai fez o 25 de Abril com tantas e tantos outros, defendeu-o na rua de arma na mão. Continuou a defender a Revolução toda a sua vida. Em alguns momentos, também de arma na mão.Eu e o meu pai nunca tivemos uma conversa tranquila, estruturada, sobre a sua participação na Guerra Colonial. Nunca me explicou que foi comando. A versão era outra. Acredito que nunca tenha feito as pazes consigo próprio por isso. Ou que, pelo menos, nunca tenha conseguido apaziguar-se. Por ter marchado para o matadouro. Por se ter tornado carne para canhão. Por ter matado, visto morrer. Pelos horrores que fez, os horrores que viu fazer. “Tu não imaginas o que eu fiz”, dizia-me.Os momentos em que ele partilhava memórias soltas, confusas, conturbadas, eram pesados e sombrios. Não me lembro bem que idade tinha quando começaram estas “conversas”. Mas era mesmo bastante pequena. O álcool trazia ao de cima os estilhaços mais dolorosos. Os seus demónios. Costumávamos ficar os dois sozinhos, na escuridão ou na semi-escuridão, e ele falava-me sobre aquilo que não ousava partilhar com mais ninguém. Os cheiros, os sons, as imagens da Guerra e da morte. As perdas. Eu esforçava-me o mais que podia para pesar bem as minhas palavras. Sentia-o como uma granada sem espoleta, como aquela que lhe roubou a mão, pronta a explodir. E só queria tentar conter toda aquela raiva, aquela tristeza, aquela angústia. Com cerca de oito anos, os pesadelos com os horrores da Guerra e a morte fizeram com que eu começasse a urinar na cama.
A Guerra chegou até mim desta forma. Através de todo este turbilhão de memórias e sentimentos. Chegou até mim através da ausência da mão esquerda do meu pai, das dores incessantes que sentiu durante toda a sua vida no braço que foi possível salvar e na mão que não existia – a dor do membro fantasma. Chegou também através das manchas de vitiligo em parte do seu corpo, que mais tarde soube terem sido causadas pelo stress de guerra. Chegou através dos estilhaços que, literalmente, lhe foram saindo do corpo, furando-lhe a pele. Chegou através do sobressalto com barulhos estridentes, o estado de permanente vigilância. E também chegou até mim através de todos os seus companheiros.O meu pai foi um dos fundadores e dirigentes da Associação dos Deficientes das Forças Armadas em Lisboa e em Viseu, tendo igualmente sido um dos construtores da Cooperativa dos Deficientes das Forças Armadas.Cresci com o Carmo Vicente, o António Calvinho, o Marcelino, o Luís Godinho, o Arruda, o Correia… Muitas vezes ficavam comigo quando o meu pai se ausentava. Eu andava de colo em colo. Habituei-me a encontrar as suas próteses espalhadas pela casa e, inclusive, a brincar com elas. Os meus amigos não tinham pernas, não tinham braços, eram cegos, surdos,… Tinham perdido todos algo e ganho memórias às quais não é possível fugir. Alguns ainda viviam a Guerra. Os seus pensamentos nunca saíram de Angola, Guiné ou Moçambique.O meu pai nunca foi um desgraçadinho, ainda que muitas vezes tenha sido tratado como tal pelo Estado e pela sociedade. Ainda que tenha sido confrontado com um puro assistencialismo misericordioso que nada mais fazia do que retirar a sua dignidade.O meu pai era um furacão, uma força da natureza. Era um revolucionário. Foi alguém que pegou nos seus estilhaços e fez deles força, protesto, ação. E é muito graças a ele, Jorge Carneiro, o meu pai, uma das pessoas mais complexas, mais inteligentes e mais extraordinárias que conheci, e a todos os seus/meus companheiros, que sei, desde sempre, o que foi, de facto, o passado colonial português e os horrores de uma guerra injusta, imoral, maldita. Que sei quem foi Amílcar Cabral e os Movimentos de Libertação Nacional. Que sei quem era o verdadeiro inimigo.
Não só sou filha da Guerra como cresci com a Guerra. Com os horrores da Guerra. Cresci com a morte, o cheiro à guerra, o stress pós traumático. E trago-os ainda comigo. Filha de uma resistente antifascista, militante do PCP, que esteve presa, foi torturada, passou pela clandestinidade, trago também comigo o peso da repressão da ditadura. Da minha mãe, herdei o desconforto face a espaços fechados, a impossibilidade de trancar portas, o receio do barulho produzido pelos ferrolhos. Mas a maior herança dos meus pais é a certeza de que temos de resgatar a memória do que foi o fascismo, o colonialismo, a Guerra Colonial.Os estilhaços da Guerra Colonial são incómodos. Querem-se guardados a sete chaves em qualquer arquivo oficial ou escondidos no recato familiar. Cabe também a nós pegar nesses estilhaços e fazer deles força.A melhor forma de evocar o meu pai, a melhor forma de lidar com os meus estilhaços, é contribuir para que um passado tão recente, um passado de fascismo, ditadura, tortura, colonialismo, esclavagismo, não caia no esquecimento e seja branqueado. É combater uma das mais flagrantes heranças coloniais: o racismo estrutural, sistémico, que continua a grassar na nossa sociedade. É enfrentar a narrativa da extrema direita a nível académico, político, social, em todos os espaços da nossa vida. Esta é a urgência a que eu devo, a que devemos saber responder.
Mariana Carneiro
Socióloga do Trabalho, especialista em Direito do trabalho
sexta-feira, 30 de abril de 2021
PARA MEMÓRIA FUTURA EM OLIVEIRA de FRADES
Para memória futura um monumento que vincará na história a passagem de toda uma geração que agregou ao coração as palavras do dever de lutar pela pátria. A todos os que já partiram o meu mais profundo pesar por não ter sido reconhecido o seu esforço. As gerações futuras que se lembrem que tombaram em solo africano mais de 9.000 mil jovens numa faixa etária muito baixa(20/23 anos). Lutamos pelo dever que nos era imposto por um regime fascista. Quantas mães e pais viveram um período de 24 meses, sempre na ânsia e desespero de uma notícia nefasta que lhes viesse tirar o direito de os voltar a abraçar?
domingo, 21 de março de 2021
𝙈𝘼𝘿𝙍𝙄𝙉𝙃𝘼𝙎 𝙙𝙚 𝙂𝙐𝙀𝙍𝙍𝘼
𝗔𝘀 𝗺𝗮𝗱𝗿𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗳𝗼𝗿𝗮𝗺 𝗲𝘀𝘀𝗲𝗻𝗰𝗶𝗮𝗶𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗺𝗮𝗻𝘁𝗲𝗿 𝗼 𝗲𝗾𝘂𝗶𝗹𝗶́𝗯𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗼𝘀 𝗰𝗼𝗺𝗯𝗮𝘁𝗲𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗱𝗮 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗱𝗼 𝗖𝗼𝗹𝗼𝗻𝗶𝗮𝗹. 𝗔 𝗰𝗵𝗲𝗴𝗮𝗱𝗮 𝗱𝗼 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝗶𝗼 𝗲𝗿𝗮 𝗼 𝗺𝗼𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗮𝗴𝘂𝗮𝗿𝗱𝗮𝗱𝗼 𝗽𝗲𝗹𝗼𝘀 𝗺𝗶𝗹𝗶𝘁𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗲𝗺 𝗔𝗻𝗴𝗼𝗹𝗮, 𝗻𝗮 𝗚𝘂𝗶𝗻𝗲́ 𝗲 𝗲𝗺 𝗠𝗼𝗰̧𝗮𝗺𝗯𝗶𝗾𝘂𝗲. 𝗠𝗶𝗹𝗵𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗿𝗮𝗽𝗮𝘇𝗲𝘀 𝗽𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝘂𝗲𝘀𝗲𝘀 𝘃𝗶𝘃𝗲𝗿𝗮𝗺 𝗼 𝗶𝗻𝗳𝗲𝗿𝗻𝗼 𝗻𝗮 𝘁𝗲𝗿𝗿𝗮, 𝗲 𝗮𝘀 𝗰𝗮𝗿𝘁𝗮𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝗰𝗲𝗯𝗶𝗮𝗺 𝗱𝗼 𝗽𝗮𝗶́𝘀 𝗻𝗮𝘁𝗮𝗹 𝗲𝗿𝗮𝗺 𝗼 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗽𝗿𝗲𝗰𝗶𝘀𝗮𝘃𝗮𝗺 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘀𝗲 𝘀𝗲𝗻𝘁𝗶𝗿𝗲𝗺 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗽𝗲𝗿𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗰𝗮𝘀𝗮. 𝗠𝘂𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗮𝘀 𝗰𝗮𝗿𝘁𝗮𝘀 𝗲𝗿𝗮𝗺 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗽𝗼𝗿 𝗺𝘂𝗹𝗵𝗲𝗿𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝗹𝗲𝘀 𝗻𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝗵𝗲𝗰𝗶𝗮𝗺, 𝗺𝗮𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗰𝗲𝗶𝘁𝗮𝗿𝗮𝗺 𝗼 𝗿𝗲𝗽𝘁𝗼 𝗱𝗼 𝗠𝗼𝘃𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗡𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗙𝗲𝗺𝗶𝗻𝗶𝗻𝗼 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘀𝗲 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘀𝗽𝗼𝗻𝗱𝗲𝗿𝗲𝗺 𝗰𝗼𝗺 𝗼𝘀 𝗺𝗶𝗹𝗶𝘁𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗲 𝗹𝗵𝗲𝘀 𝗼𝗳𝗲𝗿𝗲𝗰𝗲𝗿𝗲𝗺 𝘂𝗺 𝗼𝗺𝗯𝗿𝗼 𝗮𝗺𝗶𝗴𝗼 𝗱𝘂𝗿𝗮𝗻𝘁𝗲 𝗮 𝗺𝗶𝘀𝘀𝗮̃𝗼 𝗲𝗺 𝗔́𝗳𝗿𝗶𝗰𝗮. 𝗘𝘀𝘁𝗮𝘀 𝗽𝗮𝗹𝗮𝘃𝗿𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗮𝗹𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲𝗿𝗮𝗺, 𝗲𝗺 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗰𝗮𝘀𝗼𝘀, 𝗹𝘂𝗴𝗮𝗿 𝗮 𝗱𝗲𝗰𝗹𝗮𝗿𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝗽𝗮𝗶𝘅𝗼𝗻𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗰𝗵𝗲𝗴𝗮𝗿𝗮𝗺 𝗮𝗼 𝗮𝗹𝘁𝗮𝗿. 𝗨𝗺𝗮 𝗱𝗲𝘀𝘀𝗮𝘀 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮𝘀 𝗲́ 𝗮 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗻𝘂𝗲𝗹 𝗲 𝗜𝗱𝗮𝗹𝗶𝗻𝗮, 𝗾𝘂𝗲 𝘁𝗿𝗼𝗰𝗮𝗿𝗮𝗺 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘀𝗽𝗼𝗻𝗱𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗱𝘂𝗿𝗮𝗻𝘁𝗲 𝟮 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗲 𝗮𝗰𝗮𝗯𝗮𝗿𝗮𝗺 𝗽𝗼𝗿 𝗰𝗮𝘀𝗮𝗿, 𝗱𝗲 𝘂𝗺𝗮 𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗼 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗶𝗰𝘂𝗹𝗮𝗿: 𝗽𝗼𝗿 𝗽𝗿𝗼𝗰𝘂𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼. 𝗣𝗼𝗿 𝗻𝗮̃𝗼 𝗲𝘀𝘁𝗮𝗿 𝗮𝘂𝘁𝗼𝗿𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮 𝗮 𝘃𝗶𝗮𝗷𝗮𝗿 𝗱𝗮𝗱𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝗻𝗮̃𝗼 𝗲𝗿𝗮 𝗰𝗮𝘀𝗮𝗱𝗮, 𝗜𝗱𝗮𝗹𝗶𝗻𝗮 𝗰𝗲𝗹𝗲𝗯𝗿𝗼𝘂 𝗼 𝗰𝗮𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗲𝗺 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝗮𝗹 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺 𝗿𝗲𝗽𝗿𝗲𝘀𝗲𝗻𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗻𝘂𝗲𝗹, 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗰𝗮𝗯𝗼𝘂 𝗽𝗼𝗿 𝘀𝗲𝗿 𝗼 𝗶𝗿𝗺𝗮̃𝗼 𝗱𝗼 𝗲𝗻𝘁𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗺𝗯𝗮𝘁𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝗻𝗼𝗶𝘃𝗮 𝗮 𝘀𝗲𝗿 𝗹𝗲𝘃𝗮𝗱𝗮 𝗱𝗲𝗽𝗼𝗶𝘀 𝗮𝗼 𝗮𝗲𝗿𝗼𝗽𝗼𝗿𝘁𝗼 𝗻𝗼 𝗳𝗶𝗺 𝗱𝗮 𝗰𝗲𝗿𝗶𝗺𝗼́𝗻𝗶𝗮 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗲𝗺𝗯𝗮𝗿𝗰𝗮𝗿 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗷𝘂𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗼 𝘀𝗲𝘂 𝗮𝗺𝗼𝗿, 𝗾𝘂𝗲 𝘀𝗲 𝗲𝗻𝗰𝗼𝗻𝘁𝗿𝗮𝘃𝗮 𝗲𝗺 𝗟𝘂𝗮𝗻𝗱𝗮. 𝗔 𝗷𝗼𝗿𝗻𝗮𝗹𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗠𝗮𝗿𝘁𝗮 𝗠𝗮𝗿𝘁𝗶𝗻𝘀 𝗦𝗶𝗹𝘃𝗮, 𝗶𝗻𝘁𝗲𝗿𝗲𝘀𝘀𝗮𝗱𝗮 𝗽𝗲𝗹𝗼𝘀 𝗮𝘀𝘀𝘂𝗻𝘁𝗼𝘀 𝗱𝗮 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮, 𝗳𝗼𝗶 𝗮𝘀𝘀𝗶𝗺 𝗰𝗼𝗻𝘃𝗶𝗱𝗮𝗱𝗮 𝗽𝗲𝗹𝗮 𝗲𝗱𝗶𝘁𝗼𝗿𝗮 «𝗗𝗲𝘀𝗮𝘀𝘀𝗼𝘀𝘀𝗲𝗴𝗼» 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗲𝘃𝗲𝗿 𝘂𝗺 𝗹𝗶𝘃𝗿𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝘁𝗿𝗮𝘁𝗮𝘀𝘀𝗲 𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗿𝗲𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗱𝗮𝘀 𝗺𝗮𝗱𝗿𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗴𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮, 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺 𝗹𝗶𝘃𝗿𝗼 𝗶𝗻𝘁𝗶𝘁𝘂𝗹𝗮𝗱𝗼 𝗽𝗿𝗲𝗰𝗶𝘀𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗲 «𝗠𝗮𝗱𝗿𝗶𝗻𝗵𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮», 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝘂́𝗻𝗲 𝘃𝗮́𝗿𝗶𝗮𝘀 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮𝘀, 𝗶𝗹𝘂𝘀𝘁𝗿𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝗼𝘀 𝗲𝘅𝗲𝗺𝗽𝗹𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘀𝗽𝗼𝗻𝗱𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮, 𝗲 𝗾𝘂𝗲 𝗽𝗿𝗼𝗺𝗲𝘁𝗲 𝗮𝗽𝗮𝗶𝘅𝗼𝗻𝗮𝗿 𝗾𝘂𝗲𝗺 𝗮𝘀 𝗹𝗲̂.
OUTRORA
01 de Março de 2008 A construção do blogue da Onzima, teve como intenção dar a conhecer a nossa vivência por terras de Angola. Dei a conh...

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Lá fora ouve-se gritaria. Percebe-se que há muita agitação. A qualquer momento espera-se ordem para abandonar o navio. Receia-se ver o ocea...
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𝗔 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗵𝗼𝗺𝗲𝗻𝘀 𝗲́ 𝗶𝗻𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗮 𝗲𝗺 𝗺𝘂𝗶𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝘀𝘂𝗮𝘀 𝗽𝗮́𝗴𝗶𝗻𝗮𝘀 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗼𝗿 𝗽𝗲𝘀𝗮...